segunda-feira, 25 de maio de 2009

Estudantes de Psicologia

Dia do Orgulho Nerd


Eu, como um nerd atípico (afinal não me interesso por tecnologia, quadrinhos, Star Trek, Guerra nas Estrelas ou RPG, mas sou viciado na série Lost, adoro The big bang theory, faço de tudo para me manter atualizado, além de realmente ter cara de nerd - ver foto acima), parabenizo todos os nerds do mundo pelo Dia do Orgulho Nerd, celebrado hoje, dia de 25 de Maio. Esta data foi estabelecida por grupo de geeks espanhóis como uma homenagem ao lançamento, em 1977, do filme Guerra nas Estrelas, símbolo máximo do mundo nerd. Parabéns!!!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Filme da semana - Control (2007)

Assisti ontem ao belíssimo filme Control, que conta a história de Ian Curtis, vocalista da cultuada banda inglesa Joy Division. Epilético, depressivo e, provavelmente, alcoolista, Ian teve uma vida curta e conturbada. Segundo o site Adoro Cinema, Curtis "ficou famoso por seu talento de letrista e por suas performances épicas à frente da banda [ver video abaixo]. Sofrendo com os ataques de epilepsia, sem saber como lidar com o seu talento e dividido entre o amor por sua mulher e filha e um caso extraconjugal, ele se enforcou em 18 de maio de 1980, aos 23 anos". Eu nunca tinha ouvido falar da banda, muito menos de Ian Curtis antes de assistir ao filme. E fiquei impressionado com sua história. Brilhantemente interpretado por Sam Riley (que ganhou o Bafta de melhor ator revelação), Ian foi um sensacional performer, além de um compositor muito talentoso. Colocava em suas músicas muito do que estava vivendo e sofrendo, com destaque para a sensação de falta de controle, gerada pela epilepsia (ver música "She's lost control", cuja apresentação real pode ser vista no video abaixo - legendado). De acordo com o blog Moda sem Frescura: "Poucas bandas, nos anos 80, tiveram tanta influência na cena musical quanto o Joy Division. O som soturno, tristonho, com batidas de bateria abafadas e letras cheias de angústia refletiam o sentimento de uma geração. Muita gente se inspirou neles, inclusive Renato Russo, no primeiro disco do Legião Urbana".

OBS1: por alguma coincidência incrível, Ian Curtis se suicidou no dia 18 de maio de 1980, mesma data em que escrevo este post, só que 29 anos depois. Assustador...

OBS2: uma belíssima análise do filme foi feita pelo crítico de cinema Pablo Villaça e pode ser lida aqui.

Iatrogenia

Segundo o Wikipedia, "Iatrogenia refere-se a um estado de doença, efeitos adversos ou complicações causadas por ou resultantes do tratamento médico. Contudo, o termo deriva do grego iatros (médico, curandeiro) e genia (origem, causa), pelo que pode aplicar-se tanto a efeitos bons ou maus. Em farmacologia, o termo iatrogenia refere-se a doenças ou alterações patológicas criadas por efeitos laterais dos medicamentos. De um ponto de vista sociológico, a iatrogenia pode ser clínica, social ou cultural. Embora seja usada geralmente para se referir às consequências de acções danosas dos médicos, pode igualmente ser resultado das acções de outros profissionais médicos, tais como psicólogos, terapeutas, enfermeiros, dentistas, etc. Além disso, doença ou morte iatrogénica não se restringe à medicina Ocidental: medicinas alternativas também podem ser uma fonte de iatrogenia, de acordo com a origem do termo". A pergunta que fica é: quando nós, psicólogos, somos iatrogênicos?

Preconceitos

terça-feira, 12 de maio de 2009

Video da semana - Deus é Pai (1999)



Este curta-metragem clássico do escrachado desenhista Allan Sieber, conta a seguinte história, segundo o Portal Curtas: "Após milhares de anos de convivência, a relação de Deus com seu amado filho, Jesus, sofreu um inevitável desgaste. Para melhorar a relação, uma terapeuta passará por maus bocados...". Clique na figura acima para ver o filme. 

Fábula do conhecimento - Nietzsche


Eis a bela fábula de Nietzsche sobre o conhecimento:

Em algum ponto do universo inundado por cintilações de inúmeros sistemas solares houve um dia um planeta em que os animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais orgulhoso e mais mentiroso da história universal, mas foi apenas um minuto. Depois de alguns suspiros da natureza o planeta se congelou e os animais inteligentes tiveram que morrer.

E os animais inteligentes continuam mortos...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Marcha da Maconha 2009


Se o Ministério Público deixar, ocorrerá amanhã - dia 9 de Maio - em diversas cidades do país a polêmica Marcha da Maconha. De acordo com o site do movimento:

A Marcha da Maconha Brasil é um movimento social, cultural e político, cujo objetivo é levantar [???] a proibição hoje vigente em nosso país em relação ao plantio e consumo da cannabis, tanto para fins medicinais como recreativos. Também é nosso entendimento que o potencial econômico dos produtos feitos de cânhamo deve ser explorado, especialmente quando isto for adequado sob o ponto de vista ambiental. A Marcha da Maconha Brasil não é um movimento de apologia ou incentivo ao uso de qualquer droga, o que inclui a cannabis. No entanto, partilhamos do entendimento de que a política proibicionista radical hoje vigente no Brasil e na esmagadora maioria dos países do mundo é um completo fracasso, que cobra um alto preço em vidas humanas e recursos públicos desperdiçados. A Marcha da Maconha Brasil não tem posição sobre a legalização de qualquer outra substância além da cannabis, a favor ou contra. O nosso objetivo limita-se a promover o debate sobre a planta em questão e demonstrar para a sociedade brasileira a inadequação de sua proibição.

Pessoalmente sou favorável à descriminalização da maconha (mas não à legalização da mesma), pelos mesmos motivos apontados pelo médico Elisaldo Carlini em entrevista ao site do "Dr." Drauzio Varella:

Sou totalmente contra o uso e a legalização da maconha. No entanto, é necessário distinguir legalização de descriminalização. Quando falo em descriminalizar, não estou me referindo à droga. Estou me referindo a um comportamento humano, individual, que atinge o social. Quando falo em legalizar, falo de um objeto. Posso legalizar, por exemplo, o uso de determinado medicamento clandestino ou de um alimento qualquer desde que prove que eles não são prejudiciais à saúde. Como a maconha faz mal para os pulmões, acarreta problemas de memória e, em alguns casos, leva à dependência, não deve ser legalizada. O que defendo é a descriminalização de uma conduta. Veja o seguinte exemplo: se alguém atirar um tijolo e ferir uma pessoa, não posso culpar o tijolo. Só posso criminalizar a conduta de quem o atirou. A mesma coisa acontece com a maconha. O problema é criminalizar seu uso e assumir as conseqüências da aplicação dessa lei. Nos Estados Unidos, num único ano, 600.000 pessoas foram detidas e processadas por posse de maconha e o sistema de justiça americano acabou não fazendo outra coisa do que julgar jovens que, na maioria das vezes, não haviam cometido nenhum outro deslize e ficavam marcados por uma ficha criminal que os prejudicava na hora de conseguir um emprego, por exemplo, e de tocar a vida. Diante disso, vários estados americanos optaram por descriminalizar o uso da maconha. O mesmo fizeram o Canadá e alguns países da Europa, entre eles Portugal. O importante não é punir um comportamento. É corrigi-lo. Para tanto, deve existir um programa eficiente de prevenção e de educação para que a pessoa evite consumir essa ou qualquer outra droga. Repetindo, sou contra o uso e a legalização, mas favorável à descriminalização da maconha.

Abaixo um clipe com o jingle da Marcha da Maconha 2009:

Musica Psi - Não é Proibido (Marisa Monte)




Não é Proibido
Jujuba, bananada, pipoca,
Cocada, queijadinha, sorvete,
Chiclete, sundae de chocolate,

Paçoca, mariola, quindim,
Frumelo, doce de abóbora com coco,
Bala juquinha, algodão doce e manjar.

Venha pra cá, venha comigo!
A hora é pra já, não é proibido.
Vou te contar: tá divertido,
Pode chegar!

Vai ser nesse fim de semana
Manda um e-mail para a Joana vir
Woo.. Uh!

Não precisa bancar o bacana
Fala para o Peixoto chegar aí!

Traz todo mundo, 'tá liberado, é só chegar.
Traz toda a gente, 'tá convidado, é pra dançar,
Toda tristeza deixa lá fora; chega pra cá!

Todo mundo já deve ter escutado esta música, mas certamente poucos a entenderam como eu entendi. Minha interpretação (e eu não sou nenhum moralista paranóico que procura mensagens subliminares em tudo) é que a música faz alusão ao uso da maconha. Tanto o título ("Não é proibido") quanto algumas frases ("Tá liberado, é só chegar", "Toda tristeza deixa lá fora") podem ser interpretados segundo esta ótica, mas a mensagem fica escancarada quando a música diz para mandar um e-mail para a Joana, apelido carinhoso da Maria Joana ou Marijuana, nome americano da droga (existe inclusive uma música do Erasmo Carlos chamada Maria Joana, bem menos sutil que a da Marisa - ver letra aqui - além de um filme muito louco intitulado A loucura de Mary Joana - saiba mais sobre ele aqui). Quanto ao Peixoto, permanece o mistério... alguns afirmam se tratar de outro apelido para a maconha enquanto outros falam que se trata de uma piada interna com um tal de Peixoto, coordenador de mídia da Marisa Monte. Vai saber... 

UpDate (11/05/2009) : segundo Janaína, leitora deste blog, Peixoto refere-se à Marcelo Peixoto, nome verdadeiro de Marcelo D2, amigo da cantora. Faz todo o sentido...

Psicólogos e bombeiros


Em seu blog, o crítico de cinema Pablo Villaça, transcreveu um brilhante diálogo da série In treatment que diz muito sobre o trabalho do psicoterapeuta e da importância deste fazer terapia pessoal continuamente. Na cena descrita o terapeuta Paul, que está vivendo um período conturbado em sua vida pessoal, conversa com sua própria terapeuta, Gina:

- Como eu vou ajudar meus pacientes se minha própria vida está uma bagunça? Você contrataria um bombeiro caso soubesse que todos os encanamentos da casa dele estão entupidos?

- Não é a mesma coisa. Você é um psicoterapeuta profissional.

- Mas não um marido, um pai ou um filho profissional.

- Não, não é. Como homem, você é uma espécie de animal na selva: você vive o cotidiano tentando proteger seu território e sua família. Como terapeuta, você está observando certos integrantes do rebanho à distância, através de binóculos. Estas são duas formas muito diferentes de enxergar a vida. E você não pode se observar através de binóculos.

- Mas é por isso que estou aqui.

- Correto.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Distorções

O paradoxo da escolha - Barry Schwartz

Um dos livros mais interessantes que li nos últimos tempos (juntamente com O valor do amanhã, do economista Eduardo Giannetti) é O paradoxo da escolha: porque mais é menos (Ed. Girafa, 2007), escrito por Barry Schwatz, psicólogo e professor de Teoria Social e Ação Social da Faculdade Swarthmore, na Filadélfia. O que o autor defende neste brilhante livro, pode ser resumido nos seguintes pontos, extraídos do prefácio (p. 20):

1- Sentir-nos-íamos mais felizes se aceitássemos determinadas restrições voluntárias à nossa liberdade de escolha, em vez de nos revoltarmos contra elas;

2- Sentir-nos-íamos mais felizes se buscássemos aquilo que fosse "suficientemente bom" em vez de buscar o melhor (você já ouviu algum pai dizendo "quero apenas o que for 'suficientemente bom' para os meus filhos"?);

3- Sentir-nos-íamos mais felizes se baixássemos as expectativas quanto ao resultado das nossas decisões;

4- Sentir-nos-íamos mais felizes se as decisões que tomássemos fossem irreversíveis;

5- Sentir-nos-íamos mais felizes se nos importássemos menos com o que as pessoas ao nosso redor fazem.

Segundo Schwartz "essas conclusões desafiam o bom senso convencional, que diz que quanto mais opções as pessoas têm mais felizes se sentem, que a melhor maneira de obter bons resultados é tendo padrões muito elevados e que é sempre melhor poder voltar atrás de uma decisão. Espero demonstrar que o bom senso convencional está errado, ao menos no que se refere àquilo que nos satisfaz em nossas decisões" (p. 21).

O psicanalista Contardo Caligaris (autor do brilhante "Cartas a um jovem terapeuta") diz o seguinte sobre o livro:

Schwartz opõe dois tipos subjetivos: os "maximizadores" e "os que se contentam com algo suficientemente bom". Os maximizadores querem absolutamente fazer a escolha certa; os outros sabem se satisfazer sem ter que alcançar a certeza de que fizeram o melhor negócio. Ora, constata Schwartz com razão, o maximizador não é nunca feliz: ele é corroído pelo remorso e pela dúvida (será que examinou efetivamente todas as possibilidades). Schwartz chega a imaginar que a epidemia de depressão das últimas décadas tenha uma relação com a multiplicação das escolhas possíveis e, portanto, com a insatisfação crônica de nosso lado maximizador. Obviamente, os que sabem se satisfazer vivem melhor. Conclusão de Schwartz: o excesso de liberdade nem sempre é bom. 

Tudo bem. Mas vamos aplicar a visão de Schwartz ao campo amoroso. É claro que, se a tradição nos obrigasse a nos casar com a moça escolhida pelos anciões de nossa aldeia, a vida amorosa seria mais fácil. A liberdade para se juntar com quem quisermos é, de fato, uma complicação: para ter a certeza de que Fulano é meu homem fatal, com quantos Sicranos deverei compará-lo? Por outro lado, se adotarmos a sabedoria dos que sabem se contentar com o que lhes agrada, nossos parceiros e parceiras não vão gostar. Em geral, preferimos ser amados por quem acha que somos a melhor escolha possível, em absoluto. Ou seja, na vida amorosa, os maximizadores sofreriam como sempre, enquanto os que "se contentam" seriam detestados por parceiros e parceiras. Como fica? Pois é, talvez a vida amorosa seja um bom exemplo para descobrir os limites das idéias de Schwartz, porque, nela, a liberdade certamente não consiste em poder escolher o amado numa lista de pretendentes. Amar tem mais a ver com "encontrar" do que com "escolher". O livro de Schwartz é ótimo e divertido sem contar que pode ajudar todas as pessoas que se inibem diante da multiplicidade dos possíveis. Mas Schwartz parte de um pressuposto, que está implícito desde seu primeiro exemplo (o dos jeans): ele considera a pluralidade das escolhas possíveis como o índice da liberdade. Quando constata que essa liberdade é fonte de tormentos, ele conclui que talvez seja melhor sermos menos livres e mais felizes. Ora, a visão que Schwartz tem da liberdade é parasitada pelo próprio modelo do consumo, cujos impasses ele castiga. 

Ser livre não significa poder escolher entre os objetos disponíveis nas prateleiras do supermercado; ser livre significa saber criar o que queremos e encontrá-lo, mesmo e sobretudo quando não está em lista alguma de liquidações e promoções. Certo, o mal-estar do maximizador é uma patologia da liberdade de escolha. Mas a liberdade de escolher entre as ofertas que estão nos cardápios é, por sua vez, uma deformação da verdadeira liberdade - a de inventar.

Abaixo uma palestra de Schwartz (legendada em inglês) :


terça-feira, 5 de maio de 2009

Video da Semana - Exite (2007)

Com direção de César Netto e narração de Paulo Miklos (do Titãs), este belíssimo curta-metragem de 2007, conta, segundo o Portal Curtas, "a história de angústia e força de quatro pessoas invadidas pela súbita e inesperada sensação de ameaça e apreensão. O filme traz um despertar sobre a síndrome do pânico. Em algum momento do dia aquelas pessoas fizeram as mesmas coisas, mas tiveram a sua rotina interrompida pelos impactos de uma vulnerabilidade e instabilidade suscetíveis a qualquer pessoa". Excelente!


OBS1: saiba mais sobre Síndrome do Pânico aqui, aqui, aqui e aqui.

OBS2: estranhei a logomarca da Roche no início do filme. Fui pesquisar e descobri (ver imagem abaixo) que a empresa é uma das principais, se não a principal, fabricante brasileira de ansiolíticos, medicamento utilizado no tratamento dos Transtornos de Ansiedade, incluído aí o Transtorno do Pânico. Esta descoberta não retira os méritos do curta mas coloca em xeque seus reais objetivos: retratar um problema ou vender um remédio?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Não dá para competir - Volume 9


Isto que é escuta diferenciada!

Psicólogas, mistérios e machismos


Nos últimos três meses duas mulheres formadas em psicologia (ou psicólogas? – ver discussão aqui) posaram para a famosa revista masculina Playboy. Em março foi a vez de Tatiana Gomes, também conhecida como a "MC Princesa" ou “psicóloga do funk” (ja falei dela nele blog – ver aqui). Agora, em maio, sai Josy, ex-bbb, modelo, cantora... e psicóloga, ou melhor, formada em Psicologia. Não vou adotar, como fizeram outros blogs e sites, uma postura conservadora e preconceituosa e dizer, no caso sobre Tatiana Gomes, "que essas mulheres frutas fiquem rebolando a gente até entende, afinal são burras e só sabem fazer isso, mas uma moça (mãe de dois filhos aliás) educada e inteligente escolher isso é simplesmente inacreditável". Elas fizeram suas escolhas e eu não tenho nada a ver com isso!

O que gostaria de debater em cima desta notícia é o seguinte: a prática profissional da psicologia no Brasil, essencialmente feminina e clínica, é revestida de um manto de mistério que, para muitos (homens), transforma-se em fantasia sexual. O melhor exemplo que encontrei na net foi de Thor, codinome de algum cara que fez a seguinte pergunta para o Yahoo Respostas (ver aqui): "O que devo fazer para namorar uma psicóloga bonita, gostosa, do estilo da Ivete Sangalo?". E ele continua: "Tenho tara por psicólogas! Penso que deve ser muito bom envolver com psicólogas dentro do consultório ou fora dele! Mas gostaria mesmo que fosse dentro do consultório, pois assim iria aumentar minha auto-estima e eu sentiria um verdadeiro homem se acontecesse uma transa dentro do consultório. O que devo fazer para que isso aconteça, já que gosto de mulheres lindas e inteligentes?" A melhor resposta dada a Thor foi a seguinte: "Marque uma consulta com alguém (psicóloga) dentro do perfil que deseja e ai no ato da consulta, quando estiver falando de alguns problemas seus, desejos, frustações, alegrias, medos, etc.....aproveite e se confesse: 'tenho um sonho, sou doidinho, para ter um romance, uma transa com uma psicológa dentro de seu consultório'. Pode não colar, mas ficará por isso mesmo pois elas estão lá para te ouvir e guardar segredo daquilo que diz, não é mesmo?"

O fato é que nossa prática profissional, especialmente a clínica, é um tanto misteriosa para a maioria das pessoas. E este mistério/ desconhecimento abre espaço (como todos os mistérios e desconhecimentos) para a fantasia. "O que será que eles fazem lá dentro?", já ouvi de leigos. O fato de o trabalho clínico ser predominantemente individual, pago e essencialmente íntimo, leva algumas pessoas a comparar psicólogas com, digamos, garotas de programas. Sério, já ouvi isso! Em alguns meios, fundamentalmente masculinos e machistas, esta é a imagem da Psicologia. Sobre esta visão, vejam como a Desciclopédia (versão maldosa e machista da Wikipedia) define Psicóloga:

Prosti..., digo, Psicóloga é a "profissional" que entra numa faculdade (no curso de psicologia obviamente) e depois de cinco anos (ou até mesmo antes), acha que pode ficar ditando tendências de comportamento, só porque fez esse curso tosco e inútil. Então, ela arruma emprego no RH (Reduto de Humilhações) de uma empresa qualquer e tem a função de fazer perguntas insanas e totalmente desprovidas de sentido. Psicólogas não tem outra função na sociedade que não seja a procriação. Não é a toa que hoje em dia elas são o tipo de profissional mais odiada (ganhando até mesmo dos advogados). Essas "profissionais" não conseguem nem resolver o problema delas mesmas, quanto mais o problema dos outros. Em caso de depressão, o mais recomendado é procurar um puteiro ou encher a cara com os amigos. Psicólogas podem dizer que você é talentoso quando você estiver com baixa alto estima, porém cobram para isso o equivalente a duas garrafas de uísque Blue Label do bom, ou seja, não compensa! Procure uma psicóloga apenas se você tiver interessado em fazer sexo com ela. Geralmente é um grande problema porque elas gostam de discutir a relação antes do ato. É uma imensa enrolação e o pior: costumam ser péssimas de cama. Ficam discutindo sua ansiedade em querer enrabá-la e nada de deixar rolar.

Chocante, não?

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Terapia em cartoon


Foram lançados recentemente dois livros de cartuns cujos temas estão relacionados com a psicologia clínica (chamada por uns de psicoterapia e por outros de análise). O primeiro é o No divã com Adão (ed. Planeta), do cartunista Adão Iturrusgarai. De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo "todo ser humano é sujeito a traumas, culpas e ressentimentos. Pode fazer terapia para lidar com essas situações... Ou pode fazer humor. Ou ambos, caso do gaúcho Adão Iturrusgarai, que está lançando 'No Divã com Adão' O livro reúne dezenas de HQs curtas que têm em comum não um personagem, mas, sim, uma espécie de equação. Por exemplo: "trocar o nome do amigo: um mês de análise; trocar o nome da namorada: dois meses de análise; trocar o nome da esposa na lua-de-mel: cem anos de análise". Abaixo dois exemplos:




O outro livro recém-lançado é o The New Yorker Cartoons - Terapia (ed. Desiderata), uma coletânea com desenhos de diversos cartunistas publicados no famoso jornal americano desde a década de 1940 - para saber mais clique na figura acima. Segundo o jornalista Sérgio Augusto, tradutor do livro, "Freud, Jung & cia. ficariam horrorizados com o que volta e meia acontece nos consultórios da New Yorker. Não me refiro apenas aos enfarados analistas que nem prestam mais atenção no que seus analisandos dizem, preferindo o som de um walkman (o iPod dos anos 1980), ou aos mercenários que só pensam em dinheiro, contando no relógio os minutos que faltam para a sessão chegar ao fim, mas sobretudo aos que não impõem limites, vale dizer, não reprimem seu instinto homicida, adotando catapultas e alçapões para mais rápida e eficazmente livrar-se de pacientes indesejáveis". Além do indicado, já foram publicados em português os volumes relativos aos temas "Gatos" e "Cachorros". E para Julho está previsto o lançamento de mais 3 volumes, enfocando médicos, advogados e dinheiro. Abaixo alguns cartuns da coletânea sobre terapia:



E já que estamos falando em terapia (ou análise)...



OBS: Todos estes cartuns expressam de uma forma cômica e um tanto exagerada a representação que a sociedade faz do psicólogo e do profissional psi de uma forma geral. Feliz ou infelizmente...

O maior livro de auto-ajuda

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Psicologia no Flamengo


Não gosto muito de futebol, mas, por tradição familiar, sou flamenguista e certamente não vou perder o jogo deste domingo (Flamengo x Botafogo), que decide o Campeonato Carioca deste ano. E qual foi minha surpresa ao descobrir que o Flamengo tem um Serviço de Psicologia a mais de duas décadas - quando nem se falava em psicologia do esporte - e cuja equipe atual (formada por três psicólogos, além de estagiários e colaboradores) criou um interessante blog para discutir e divulgar a promissora área da Psicologia do Esporte (ou Psicologia Esportiva). Modestamente, o site no qual o blog está inserido (do Serviço de Psicologia do clube) se intitula "o principal portal da psicologia do esporte no brasil". Digitando "Psicologia do Esporte" e "Psicologia esportiva" no Google, encontrei de relevante, além do referido site, o da ABRESP (Associação Brasileira de Psicologia do Esporte - link), da Revista Brasileira de Psicologia do Esporte (link), do CEPPE (Centro de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte - link) e do Paulo Ribeiro (link), um dos psicólogos do time carioca, junto com Erick Conde e da Adriana Lacerda. O video abaixo, diponível no blog indicado, mostra uma interessante reportagem que conta com a entrevista de diversos profissionais desta área que tem, nos últimos anos, crescido substancialmente tanto em termos de pesquisa e atuação quanto de visibilidade (grande parte das notícias sobre psicologia encontradas no Google Notícias, estão relacionadas à Psicologia do Esporte).

terça-feira, 28 de abril de 2009

Esquisitologia - Richard Wiseman

Foi lançado ano passado no Brasil pela editora Best Seller um livro que parece ser bastante divertido: Esquisitologia - A Estranha psicologia da vida cotidiana, do psicólogo americano Richard Wiseman, considerado por Michael Shermer, colunista da revista Scientific American "o psicólogo mais interessante e inovador do mundo atual". Algumas perguntas que o pesquisador se propõe a tentar responder em seu livro são (segundo o site Saúde Lazer): O que a data de nascimento pode lhe dizer sobre sua personalidade? Como o sobrenome influencia na escolha da profissão? Por que os políticos incompetentes sempre vencem as eleições? Qual é a piada mais engraçada do mundo? Por que os moradores de Nova Déli são mais solidários que os de Londres? De acordo com resenha de Leandro Kruszielski (disponível aqui) "todas as informações presentes no livro estão referenciadas com artigos publicados em conceituadas revistas científicas de Psicologia e, às vezes, pelos mais renomados psicólogos. Além disso, não se pode negar em nenhum momento a originalidade da obra e, principalmente, de seu autor". Ainda de acordo com esta resenha Richard "é professor da Universidade de Hertfordshire (...) mas sua fama ultrapassa os muros do ambiente acadêmico. Wiseman é conhecido principalmente por alguns de seus populares vídeos disponíveis na internet (como um vídeo sobre atenção que consegue fazer quase invisível um gorila dançando entre jogadores de basquete [uma adaptação deste video pode ser vista abaixo]) e pelos curiosos resultados de suas próprias pesquisas (como a que aponta Curitiba como a cidade com a maior velocidade de pedestres nas Américas)". Além do citado, o psicólogo tem uma série de videos em seu canal no YouTube (link) bem como outros livros publicados em português: Onde está o gorila? e O fator sorte, seu livro mais famoso nos Estados Unidos.



E ainda: de acordo com o Blog da Firma, Wiseman "participou de testes de diversos supostos “paranormais”, e é inclusive co-autor de um tratado técnico sobre o assunto, “Guidelines for Testing Psychic Claimants”, algo como “Regras para o Teste de Pessoas que Alegam Poderes Psíquicos”. Desses testes talvez o mais curioso tenha sido o que colocou a astrologia em rota de colisão com o mercado financeiro. O experimento envolveu três participantes em entrevista sendo uma astróloga financeira, um analista financeiro e uma criança pequena. Cada participante recebeu a soma hipotética equivalente a R$ 19 mil e a orientação de dizer como o dinheiro deveria ser investido no mercado de ações. A astróloga examinou cuidadosamente a data de formação das companhias. O investidor valeu-se de sua experiência de sete anos e para a criança, foi escrito os nomes de empresas em pedaços de papel para que ela escolhesse três. Ao final de uma semana, o grupo voltou a se reunir. Todos perderam dinheiro, pois foi uma semana difícil para o mercado (no ano de 2001). A astróloga perdeu mais, 10%. O investidor profissional, 7,1%. A criança, meros 4,6%. Curioso foi a astróloga que disse que, se soubesse que a criança era de Câncer, jamais teria jogado contra ela. O experimento foi prorrogado por um ano além da semana original, com os seguintes resultados: o investidor perdeu 46% do capital hipotético; a astróloga perdeu 6,2%. A criança lucrou 5,8%. No mesmo ano, a bolsa de Londres caiu 16%. Foi o ano em que estourou a “bolha” das empresas ponto-com.

Outro video famosíssimo de Wiseman é o “The Amazing Colour Changing Card Trick” (”O Espetacular Truque da Carta que Muda de Cor”), com mais de 3 milhões de acessos no YouTube. Trata-se de um experimento de Psicologia Cognitiva...

Blog sobre esquizofrenia


O ator Bruno Gagliasso, que interpreta o personagem Tarso na novela Caminho das Índias, criou um interessante blog (clique na figura acima para acessá-lo) com o objetivo de discutir a questão da esquizofrenia. Excelente iniciativa de um jovem e talentoso ator! Maiores informações no video abaixo, que conta também com uma entrevista de Jorge Cândido de Assis, portador de esquizofrenia, vice-presidente da Abre (Associação brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquizfrenia) e um dos autores do livro "Entre a Razão e a Ilusão: desmistificando a loucura". Ele escreveu também, junto com outras pessoas, uma série de livretos intitulada "Conversando sobre a esquizofrenia" (disponível aqui). Fica a dica!

Relacionamentos modernos



Fonte: Bruno Drummond (Revista O Globo - 26/04/2009)

Falou tudo!!!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Os porcos-espinhos de Schopenhauer


Na esteira do genial escritor Irvin Yalom (que já comentei anteriormente neste blog), foi lançado recentemente pela editora José Olympio um livro que parece ser bastante interessante: Os Porcos-Espinhos de Schopenhauer - A Intimidade e seus dilemas, da terapeuta americana Deborah Anna Luepnitz, que se propõe a discutir o tema da intimidade a partir de cinco casos de psicoterapia e cujo título é baseado na famosa e brilhante parábola do mau-humorado filósofo alemão, que reproduzo abaixo:
 
Num dia frio de inverno, alguns porcos espinhos se juntaram para se aquecerem com o calor de seus corpos. Mas logo viram que estavam se espetando e se afastaram. Ficaram com frio de novo e se juntaram, ficando entre dois males até descobrirem a distância adequada. Assim é na sociedade, onde o vazio e a monotonia fazem com que os homens se aproximem, mas seus muitos defeitos, desagradáveis e repelentes, fazem com que se afastem.

Eis a solução para o problema de Schopenhauer:
 

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Psicologia e Saúde na TV - Fantástico


No último Fantástico (TV Globo) foram exibidas três reportagens belíssimas. A primeira trata da esquizofrenia, discutida a partir do personagem de Bruno Gagliasso na novela Caminho das Índias (e que já comentei anteriormente neste blog) - percebam a preocupação da reportagem em utilizar a expressão "portador de esquizofrenia" ao invés da estigmatizante "esquizofrênico"; a segunda retrata um acontecimento que a revista Época chamou de A cura do Doutor Pajé (ver mais aqui) - trata-se da possibilidade, concretizada num hospital público de São Paulo, de conciliar a medicina ocidental tradicional (também chamada de Biomedicina) com outras possibilidades terapêuticas, no caso a intervenção de um Pajé; finalmente, a terceira reportagem, comandada pelo médico Dráuzio Varella, é o segundo episódio da série Transplante: o dom da vida. Já li praticamente todos os livros de Drauzio Varella e sou suspeito para elogiar a série visto que admiro muito seu proponente. Na verdade admiro muito todos aqueles que se propõem a disseminar, de uma forma séria e ética, conhecimentos científicos e/ou filosóficos para parcelas da população que normalmente não tem acesso a estes conhecimentos. No Brasil fazem isto muito bem, além do Drauzio Varella, a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, o físico Marcelo Gleiser, o economista e filósofo Edurado Giannetti (este então é genial), dentre outros. Coincidentemente - ou não - todos estes tiveram quadros no Fantástico. A Psicologia brasileira, infelizmente, é carente deste tipo de profissional-difusor. No próprio Fantástico há uma série que trata da Psicologia Evolucionista (intitulada Bicho Homem), mas quem a comanda são os divertidos Evandro Mesquita e Fernanda Torres e não um especialista. Que bom...

Psicologia e "cura" de homosexuais




Saiu no site da revista Época semana passada que "um estudo com 1400 psiquiatras e terapeutas publicado pela revista especializada BMC Psychiatry concluiu que um em cada seis profissionais admite ter tratado pelo menos um paciente para alterar os seus sentimentos homossexuais, mesmo sabendo que a prática é condenada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com o estudo, as entidades religiosas são as que mais estimulam a crença de que a homossexualidade pode ter "cura". Em um artigo publicado no jornal britânico The Independent, o professor Michael King, da Universidade College Medical School, em Londres, afirma que os jovens encontram esse tipo de promessa principalmente na internet e depois levam a questão para seus terapeutas. 'Se o terapeuta não tem bom senso o suficiente para dizer que o desejo homossexual é uma parte deles e não há nada patológico nisso, os pacientes podem ser seduzidos a tentar a reversão', afirma King". A reportagem completa pode ser lida aqui

Não sou gay, mas também não concordo de maneira nenhuma - enquanto profissional dos direitos humanos - com esse tipo de prática discriminatória (sim, discriminatória, pois se eu parto do pressuposto que a heterossexualidade é o normal e busco "converter" os diferentes tendo em vista o meu referencial, estou negando que outras normalidades e realidades, para além da minha, sejam possíveis). O problema é que muitos psicólogos confundem psicologia com religião e acabam levando alguns princípios religiosos - que deveriam permanecer na esfera privada - para a prática profissional. Aí parece estar o cerne de grande parte das condutas profissionais equivocadas na psicologia. O ponto-chave é que da mesma forma que não parece possível - nem desejável - reverter a homossexualidade, parece muito difícil "desligar o botão" da religião (como na metáfora da foto acima) e ligar o da psicologia, sem que a primeira influencie, de alguma forma, a última. Penso que para ser um profissional minimamente ético e empático, o psicólogo deve ficar muito atento e crítico à forma como suas crenças - em especial as religiosas, por serem muito fortes e arraigadas - influenciam sua prática, especialmente a clínica. O psicólogo não precisa ser ateu como eu (e que fique claro: não tenho nenhuma pretenção, como Richard Dawkins, de converter ninguém à minha descrença), mas ele deve - e uma terapia pessoal pode ajudar muito - estar bastante consciente de suas crenças para não tentar (consciente ou inconscientemente) converter seus pacientes às suas verdades. Este é um dos pilares da psicoterapia e é o que mais nos diferencia de outras práticas ditas terapêuticas. 

OBS: Em março desde ano completou 10 anos da publicação da Resolução CFP n°001/1999, que, dentre outros apontamentos, proibe a atuação dos psicólogos na "cura" de homossexuais e que representou um gigantesco avanço na luta contra a homofobia e o preconceito de uma forma geral.

Update (23/04/09): Nos comentários à reportágem da revista Época li relatos tocantes. O que mais me chamou atenção foi o seguinte, intitulado "Sou gay e sou feliz": No dia 30 de dezembro de 1993, entrei no consultório de uma psicóloga, revelando que era homossexual. Ela disse que ia me ajudar a superar este “problema” e que ainda iria me ver se casando na igreja com uma mulher, pois, segundo ela, já havia “tratado” um rapaz que era gay, mas que havia se tornado heterossexual e ainda fora madrinha do casamento dele. Eu não tinha a menor consciência de nada e, pelo fato de não ter com quem conversar, inclusive não podia revelar em casa que fazia terapia porque meus pais não iriam aceitar, concordei com o que ela disse numa boa. E mais, confesso que fiquei bastante aliviado, pois, no meu modo de ver, iria, definitivamente, conseguir me livrar da angústia de ser homossexual. No entanto, a terapia não evoluiu e eu sofria cada vez mais. Até que uma colega de trabalho me contou que seu namorado era psicólogo.Larguei a antiga psicóloga e passei a ter o namorado de minha amiga como novo terapeuta. Desde então, minha vida se transformou. O tratamento dele comigo foi outro. Aceitei minha homossexualidade, parei de chorar, parei de sofrer, aprendi a conviver com o fato de ser gay, apesar do gigantesco sacrifício, mas hoje sou um cara bem resolvido e feliz. O problema hoje é externo, ou seja, o preconceito da sociedade machista, mas, na vida, ser feliz não quer dizer não ter problemas, mas, sim, saber lidar com os problemas com calma e lucidez. Meu psicólogo sempre me respeitou. Eu era afeminado e até isto percebi que não precisava ser, pois, para ser gay, não precisa, necessariamente, parecer mulher, embora eu tenha amigos assim e eu os adoro. Ter um bom psicólogo e ter a vontade de superar problemas emocionais ajudam a transformar uma vida. Sou gay e sou feliz. Outros comentários e relatos podem ser lidos aqui.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Musica Psi - Nóia (Rita lee)



Nóia

Guarde seu drama para sua mamma
Freud já explicou

Tem alguma nóia aí na história
Que você deletou

Eu não sou Jung
Mas você confunde
Pau com pedra

Nem sou Lacan
Pra te botar no divã
E ouvir sua merda

Se manca neném !
Gente mala a gente trata com desdém
Se manca neném !
Enfia sua nóia e passe bem

Não me vem falar de Jesus
Você é pecador

Não me vem com papo ecológico
Você é poluidor

Não vem arrotar sua grana
Você é mão de vaca

Não vem se achando bacana
Você é babaca

Psicologia na TV - Head Case (GNT)

Assisti ontem no GNT uma série hilária que tem como protagonista uma terapeuta, ou melhor, uma psicanalista (como podemos inferir a partir do teste de Rorschach em sua mão na foto acima). Segundo o site Minha Série: Dra. Elizabeth Goode é uma terapeuta que tem pacientes um pouco fora do comum: todos são celebridades de Hollywood que vêm ao seu consultório buscar orientações para suas vidas profissionais e, principalmente, para as suas conturbadas vidas pessoais. Convivendo com as celebridades e conhecendo muito mais do que qualquer pessoa sobre cada uma delas, a Dra. Goode não deixa de fazer uma fofoca sobre seus pacientes quando tem a oportunidade. Além disso, ela tem uma assistente obcecada por famosos e um rival no consultório ao lado. Nessa comédia irreverente, a atriz Alexandra Wentworth interpreta a terapeuta Dra. Goode. O que mais se destaca na série é que seus pacientes são realmente algumas das maiores estrelas do cinema, da televisão e da música, que fazem participações especiais para interpretarem a si mesmas numa paródia de suas próprias vidas. Na série, Elizabeth (recuso-me a chama-la, como a qualquer pessoa, real ou ficcional, de Doutora) comete praticamente todos os "10 pecados" profissionais apontados em uma reportagem recente do Portal MS (são eles: (1) comer na frente do paciente, (2) atender ao telefone, (3) tomar notas em excesso, (4) atrasar-se para a sessão, (5) ser pouco acessível, (6) olhar demais para o relógio, (7) bocejar demais, (8) contato físico excessivo, (9) falar demais sobre si mesmo e (10) vestir-se inadequadamente), mas ela vai além. O consultório dela é um Deus-nos-Acuda: a secretária entra e sai quando quer; ela própria entra e sai quando quer, deixando muitas vezes, o cliente falando sozinho; ela fala excessivamente de si mesma ou simplesmente deixa de prestar atenção no que o cliente está falando em função de algum problema pessoal; quebra o sigilo a todo momento, principalmente com a secretária... enfim, ela faz tudo o que não devemos fazer, mas de uma forma muito engraçada! Uma amostra desta série pode ser vista no video abaixo (infelizmente sem legendas), com o ator Jeff Goldblum como cliente da "Dra." Goode (que nem é tão "good" assim). Há muitos outros videos no Youtube (ver aqui) com trechos de Head Case.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Video da Semana - Fala

Nesta interessante montagem, imagens que remetem à Psicanálise (e ao surrealismo, movimento claramente inspirado nas teorias de Freud) são sobrepostas pela música Fala, do Secos e Molhados, que sempre entendi como uma descrição do trabalho psicanalítico (ok, pode ser maldade minha!). Abaixo do video a letra da música.



Fala

Eu não sei dizer
Nada por dizer
Então eu escuto
Se você disser 
Tudo o que quiser
Então eu escuto
Fala 

Se eu não entender
Não vou responder
Então eu escuto
Eu só vou falar
Na hora de falar
Então eu escuto
Fala 

OBS: Queridos psicanalistas, é tudo brincadeira, tá? Amo muito vocês, tanto que nunca, jamais, sobre nenhuma circunstância exibiria aquele comercial do HSBC que sacaneia vocês. Repito: nunca.

Agradeço Felipe Epaminondas, do blog Psicológico, pela dica.

Como diz a Bíblia...

Sexta-Feira passada (dia 10 de Abril) assisti no GNT um documentário fascinante, vencedor de inúmeros prêmios, intitulado For the Bible tells me so (traduzido pelo GNT como "Porque a Biblia me diz assim", mas também encontrado na internet com os nomes de "Como diz a Bíblia" e "Assim diz a Bíblia"). O filme discute a sempre tensa relação entre a Igreja Católica (com suas interpretações literais da Bíblia) e a homossexualidade. De acordo com o interessante site Diversidade Católica: "O filme conta com o depoimento de vários teólogos, pastores, do bispo anglicano Desmond Tutu, além de um rabino. Por meio destas participações se põe em questão o que realmente as passagens da Sagrada Escritura que se referem à relação entre pessoas do mesmo sexo querem dizer e se é justo, para com o sentido original do texto, usá-las como prerrogativa de condenação absoluta ao inferno para gays e lésbicas. A interpretação literal do texto bíblico é desconstruída gradativamente na medida em que se contextualiza a situação cultural, a mentalidade presente na época retratada pelos textos. Numa linguagem fácil, os diversos depoimentos vão nos fazendo perceber que assim, como a Bíblia foi, e às vezes, ainda é, usada para justificar uma submissão ideológica das mulheres em relação aos homens e a discriminação racial, hoje, o alvo dos fundamentalistas bíblicos são os homossexuais" (O restante desde texto pode ser lido aqui). O argumento central deste brilhante documentário - que deveria ser passado nas escolas, universidades e empresas - pode ser resumido nesta cena da série The West Wing:


Assista ao documentário na íntegra aqui.

sábado, 11 de abril de 2009

Psicologia no Cinema - Passageiros

Estréia esta semana o filme Passageiros, que tem como personagem principal uma profissional psi. Em cada site que entrei pesquisando sobre este filme, colocam a personagem da atriz Anne Hathaway (dos ótimos O diabo veste Prada e O casamento de Rachel) em uma categoria profissional. Numa mesma reportagem, do Diário de Marília, ela é chamada de psiquiatra, terapeuta e psicóloga. A revista Brasília em Dia vai além e a chama de psicanalista. Esta confusão, comum na sociedade, deveria ser minimizada pelos jornalistas que, ao invés de explicarem, confundem ainda mais o leitor. Pesquisando no site do IMDB - e esta parece ser uma fonte segura - vemos que se trata de uma "grief counselor", o que literalmente significa "conselheira da dor" (de acordo com o tradutor do Google, grief é um substantivo que significa "desgosto, aflição, tristeza, mágoa, dor, pesar, preocupação", ou seja, tudo). Enfim, a personagem trabalha com aconselhamento, o que, na cultura norte-americana é o equivalente da nossa terapia. Mas isso não diz nada sobre a formação desta profissional pois terapeutas podem ser tanto psicólogos, psiquiátras e até mesmo (e cada vez mais) filósofos. Bem, de acordo com o site Yahoo Cinema, o filme conta a seguinte história "Após a queda de uma avião, uma jovem psicóloga Claire (Anne Hathaway) é escalada para dar apoio psicológico aos que sobreviveram ao acidente aéreo. Na medida em que conhece suas memórias relacionadas ao acidente, a psicóloga fica particularmente intrigada por Eric (Patrick Wilson), o mais enigmático dos sobreviventes. Quando os passageiros começam a desaparecer misteriosamente, Claire desconfia que um deles pode ter a resposta do mistério". O trabalho desta profissional parece estar diretamente ligado ao que no Brasil tem sido chamado de Psicologia das Emergencias e dos Desastres. Esta área promissora foi, em 2006, tema de um Seminário Nacional - ver relatório aqui - e tem sido bastante discutida nas últimas publicações do CFP. Com relação ao filme, vale destacar ainda que o diretor, Rodrigo Garcia, dirigiu 22 episódios da elogiada série In Treatment, que também trata do universo psi (e que já comentei nest blog). Fica a dica... OBS: Queda de avião? Claire? Sobreviventes enigmáticos? Desaparecimentos misteriosos? Não sei não, mas tá me lembrando Lost...

Opinar ou não opinar, eis a questão!


Esta semana, um assunto que mobilizou a imprensa - pelo menos a virtual - foi a súbita decisão do jogador Adriano de parar de jogar futebol por tempo indeterminado. Dezenas de psicólogos, psiquiatras e psicanalistas foram convocados para explicar tal atitude. Segundo o site do Globo Esporte: "Psicólogos e psicanalistas dizem que o atacante Adriano tem dificuldade em lidar com o sucesso. Na semana passada, ele não se apresentou ao Inter depois do jogo da seleção e passou três dias na Vila Cruzeiro, favela onde foi criado, no subúrbio do Rio de Janeiro. Segundo especialistas, a volta às origens seria uma forma de retomar o anonimato e a vida pessoal". Já de acordo com o portal Terra, segundo o "presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte, a necessidade de Adriano recorrer a seus amigos da favela se dá por causa da ascensão como uma estrela do futebol. 'Quando uma pessoa muda de classe social e econômica de uma forma muito abrupta, pode desenvolver um distanciamento de sua identidade e de sua imagem, logo é importante retornar à origem. Ele quer o colo da mãe e dos amigos', analisa". Na mesma matéria, uma psicóloga "sugere que contratempos pessoais devem ter sido a origem dos problemas do atacante. 'Ele é um atleta de altíssimo nível que tem demonstrado nesses últimos dois anos muita instabilidade emocional. O Adriano mostra evidências claras de que algo extracampo aconteceu que o tirou desse caminho. Ele precisará trabalhar isso', aponta". Muitos opininaram, mas poucos ou nenhum destes opinadores de plantão (que existem aos montes) conhecem Adriano minimamente para falarem o que falaram. São palavras vagas, baseadas em praticamente nada, além - obviamente - de informações fornecidas pela mídia (o que a história já provou serem, em muitos casos, pouco ou nada confiáveis). Isto está se tornando uma praga: falar sobre a vida alheia sem conhecimento de causa. Para a maioria das pessoas isto não é um problema, mas quando um profissional sai por aí explicando a vida e as escolhas de pessoas que ele desconhece, aí se torna um problema. Mas o problema é maior: se o profissional efetivamente conhece o jogador, seja porque faz um acompanhamento sistemático ou porque o atende ocasionalmente, aí é que ele não pode mesmo falar sobre o caso. Como resolver este dilema? Não sei, mas acho que entre falar obviedades e não falar nada, talvez a melhor e mais sensata opção seja a segunda. Afinal, como diz o ditado, quem fala demais dá bom dia a cavalo!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Simpósio em BH


Não devo postar nos próximos 3 ou 4 dias porque estarei em Belo Horizonte participando do I Simpósio de História da Formação em Psicologia e VII Encontro da Rede Interinstitucional de Pesquisadores da História da Psicologia, que acontece de amanhã (2/4) até sábado (4/4) na PUC Minas - Campus Coração Eucarístico. Vou realizar amanhã à tarde - de 14:00 às 15:30 - uma apresentação oral intitulada "Formação inicial em Psicologia no Brasil: passado e presente", baseada no meu trabalho de conclusão de curso (o artigo "Formação em Psicologia no Brasil: um perfil dos cursos de graduação", orientado pelo Prof. Altemir José Gonçalves Barbosa, pessoa maravilhosa e excelente professor e orientador) que será publicado este ano na revista Psicologia: Ciência e Profissão. Foi uma longa jornada até a aprovação final do artigo pelos pareceristas da revista: comecei a escrevê-lo em agosto de 2007, finalizei-o para a banca examinadora em dezembro do mesmo ano, revisei-o para publicação até junho de 2008, quando enviei-o à revista; somente em janeiro deste ano recebi a resposta: um parecer favorável mas com indicação de algumas modificações. Como fazia muito tempo que não estudava sobre o tema, recorri ao Altemir que fez as alterações necessárias (valeu, Altemir!) e enviou de volta à revista em fevereiro; em março finalmente veio o parecer final: APROVADO!!! UFA!!! Assim que for publicado, indico o link para os interessados poderem ler. E com relação ao evento, parece que vai ser ótimo. A programação está espetacular! Fica o convite...

Música do Dia - Sufoco na Vida

Esta música, do grupo Hamonia Enlouquece (formado por usuários e funcionários do Centro Psiquiátrico Rio de Janeiro), faz parte da trilha sonora da novela Caminho das Índias que, com todas suas imperfeições e chatices, parece estar - pois não a acompanho - retratando de forma bastante interessante a jornada de um jovem (interpretado pelo ator Bruno Gagliasso) que desenvolve um quadro de esquizofrenia. Só assim para fazer a população refletir sobre o assunto! No I Congresso Brasileiro de Saúde Mental, que ocorreu em Dezembro do ano passado em Florianópolis e no qual estive presente, teve uma apresentação deste grupo e, sinceramente, fiquei embasbacado com a qualidade das músicas, a sonoridade do conjunto e a animação e energia do vocalista. Vida longa ao Harmonia Enlouquece!!!