quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Psicólogo ou formado em Psicologia?


Podem atirar as pedras. Vou falar mais uma vez sobre o Big Brother Brasil. Mas o fato é que, apesar de ser um produto visando meramente os índices de audiência (e a publicidade decorrente destes índices), o BBB oferece para os psicólogos - em especial os sociais - um laboratório em termos de relacionamentos humanos em grupo. Queiram os intelectuais-que-odeiam-tudo-que-o-povo-gosta aceitarem este fato ou não! Muitos experimentos clássicos de psicologia social forjaram situações como as criadas no BBB. Como diz o psicólogo Felipe Epaminontas (do blog Ciência e Psicologia) , "prender vários estranhos em um ambiente fechado e ficar os observando na maior parte do dia é uma idéia que me fascina muito, mas infelizmente tal projeto de pesquisa seria facilmente rejeitado em qualquer comitê de ética". Já que a Globo não tem nem um pingo de ética (vide a prova do Quarto Branco, que está sob investigação do Ministério Público pela suposta prática de tortura), mas, pelo menos, os participantes se submeteram voluntariamente ao programa, que mal há em "dar uma espiadinha". 

Mas o que gostaria de comentar esta semana é a descoberta de que minha conterrânea, a BBB juizforana Josiane Oliveira fez faculdade de Psicologia. Descobri este fato numa notícia publicada no site Ego que traça um perfil da cantora e diz que "há três anos, a mineira largou uma bem-sucedida carreira de psicóloga numa estatal para ser cantora". Outros sites e blogs, no entanto, falam que Josy largou a faculdade de Psicologia para se dedicar à música. Assim, o que ela teria abandonado seria o estágio na tal estatal e não o emprego de psicóloga, pois não teria chegado a tanto. Outra matéria, desta vez no site Terra, afirma que "Josiane pegou Milena de surpresa ao dizer, nesta terça-feira, que quando ainda atuava como psicóloga trabalhou em um presídio. 'Eu atendia lá e acabei montando um coral com os presos. Foi uma experiência muito bacana. Teve um Natal que a gente se apresentou e foi muito emocionante', contou. A cantora afirmou que não sentia medo de trabalhar lá, apesar de ficar presa em uma cela com 40 presidiários durante os ensaios. 'Pelo contrário! Eles diziam que se alguém fizesse alguma coisa comigo iam me proteger', explicou. 'Saí de lá porque tiveram várias rebeliões e meu pai ficou com medo', falou um pouco antes de encerrar o assunto".  

Assim, pelo que parece, Josi chegou a formar em psicologia e até a atuar como psicóloga, mas o que gostaria de problematizar é o seguinte: OK, ela formou em psicologia, atuou como psicóloga, mas abandonou tudo e virou cantora. Minha pergunta é: ela ainda pode ser chamada de psicóloga? Ou seja, o que faz uma pessoa psicóloga é o fato de ela ter formado em um curso de Psicologia ou de ela atuar na profissão? O fato de eu ter o diploma de Bacharel em Psicologia (ou seja, de Psicólogo) e trabalhar, por exemplo (pois não é o caso), como taxista, me dá o direito de dizer para o mundo "Eu sou Psicólogo"?. A questão vai um pouco além da validade legal do diploma porque muitos formados em Psicologia que não exercem a profissão (e, desta forma, não estão vinculados ao CFP) acabam exercendo a profissão informalmente, dando pitaco, sem embasamento algum, sobre tudo e todos. São os opinadores de plantão!

O primeiro exemplo que me vem à cabeça é Luiz Gasparetto, apresentador do extinto programa Encontro Marcado, da Rede TV. Segundo a Wikipedia, Gasparetto é "um psicólogo de formação, médium psicopictográfico e apresentador de televisão". Tenho arrepios só de ler!!! Este cidadão - que mistura psicologia de botequim com espiritismo - é meu colega de trabalho? O fato de ter formado em um curso de Psicologia faz de Gasparetto um psicólogo? Oficialmente sim, afinal ele deve ter o diploma de Bacharel, mas, na boa, não consigo vê-lo desta forma..

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Addiction is a choice?

Excelente esta reportagem da Globo News sobre a dependência de internet (ou, como eles, chamam, o "vício em conexão"). Mas o mais interessante na matéria é a entrevista com o psicólogo americano Jeffrey Schaller, autor do polêmico livro "Addiction is a choice". Ele defende a idéia de que comportamento (aquilo que a gente faz) é uma coisa e doença (aquilo que a gente tem e que se expressa em nosso corpo) outra. E os vícios/adições seriam, na sua concepção, comportamentos e não doenças (como apontam o CID-10 e o DSM-IV). Assim, o que chamamos de dependência de álcool e drogas, de sexo, de internet, etc. não passa de um comportamento auto-destrutivo baseado na escolha do indivíduo. Para ele, neste caso, não há doença alguma. Tudo é uma questão de escolha! Por alguma razão, aquela atividade - mesmo que gere conseqüencias graves - tem um sentido para aquela pessoa, preenche alguma coisa. Por isso a pessoa "escolhe" continuar repetindo tal comportamento (Skinner explica!). O que o autor problematiza, na verdade, é uma velha discussão: qual a responsabilidade do indivíduo adicto em seu próprio "tratamento" (ou mudança de comportamento)? Porque uma coisa é verdadeira: muitos indivíduos se escondem sob o rótulo de DOENÇA para se fazerem de coitadinhos e não mudarem. Certamente este rótulo retira a responsabilidade do indivíuo sobre seu problema, mas será que simplesmente não existe esta história de dependência? Será que tudo é uma questão de escolha? Pensando desta forma, voltamamos à velha história de que o indivíduo que não consegue abandonar ou modificar seu comportamento não tem "força de vontade" e é um "fraco". O ponto de equilíbrio nesta discussão é que ao mesmo tempo em que o indivíduo tem um problema (e já está mais do que provado que há um mecanismo cerebral de recompensa que acaba por gerar uma dependência de determinada substancia ou comportamento) há a responsabilidade da pessoa sobre sua própria vida. O problema é que às vezes falta motivação. Mas aí já é outra história...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sumi, mas não morri...



Não atualizo este blog acho que desde dezembro do ano passado. É que as vezes fico com uma preguiça imensa de escrever. Mas a questão central é que tenho estado muito envolvido com meu trabalho. Comecei a trabalhar como psicólogo da Universidade Federal de Viçosa em setembro de 2008 e, de lá para cá, o volume de trabalho só vem aumentando. Enfim, espero retomar este blog, só que agora de uma forma mais informal...