quarta-feira, 31 de maio de 2017

O acerto de Descartes

Muito já foi dito e escrito sobre os “erros” ou “mitos” criados ou disseminados pelo filósofo renascentista René Descartes (1596-1650), especialmente sobre sua visão dualista da alma e do corpo, constantemente taxada de equivocada e superada. Por exemplo, o filósofo inglês Gylbert Ryle (1900-1976), no primeiro capítulo do clássico livro de filosofia da mente Concept of mind [Conceito de mente, 1949], intitulado O mito de Descartes, faz duras críticas ao dualismo cartesiano (Cartesius é o nome latino de Descartes), chamado por Ryle, devido à sua abrangência e influência, de teoria ou doutrina "oficial". De acordo com este autor, esta teoria “que vem principalmente de Descartes”, pode ser descrita da seguinte forma: “com as duvidosas exceções dos idiotas e das crianças de colo, todo ser humano tem um corpo e uma mente. Alguns prefeririam dizer que todo ser humano é um corpo e uma mente. O seu corpo e sua mente são geralmente reunidos, mas depois da morte do corpo sua mente poderia continuar a existir e funcionar”. Ainda que este entendimento de que o corpo é mortal e a alma imortal seja muito anterior a Descartes (basta ler a obra Fédon de Platão, escrita por volta do ano de 347 A.C, para perceber isso), Ryle volta sua mira contra a concepção dualista do filósofo francês, também chamada por ele de “dogma do fantasma na máquina” (fantasma=alma/mente, máquina=corpo), expressão que se tornou célebre. Em sua visão, este dogma, que supõe a existência de “duas espécies diferentes de existência ou estatuto (a mente e o corpo)” é “inteiramente falsa”, além de “um grande erro”. Um mito, enfim.

Esta perspectiva crítica ao dualismo cartesiano atingiu seu ápice com a publicação, em 1994, do famoso livro “O erro de Descartes”, escrito pelo neurocientista português Antônio Damásio. Muito embora o objetivo principal desta obra seja apresentar uma teoria neurocientífica sobre a “emoção, a razão e o cérebro humano” (como bem aponta seu subtítulo, que seria mais adequado como título), Damásio acaba por voltar sua sua mira para Descartes, realizando uma série de críticas aos supostos dualismos criados ou disseminados por ele, em especial aos dualismos corpo/alma e razão/emoção. Na verdade, em todo o livro há cerca de 30 menções ao filósofo, praticamente todas elas concentradas no último capítulo, momento em que Damásio finalmente explica qual foi, na sua visão, o tal erro de Descartes. E sua resposta para esta questão é a seguinte: "É esse o erro de Descartes: a separação abissal entre o corpo e a mente, entre a substância corporal, infinitamente divisível, com volume, com dimensões e com um funcionamento mecânico, de um lado, e a substância mental, indivisível, sem volume, sem dimensões e intangível, de outro; a sugestão de que o raciocínio, o juízo moral e o sofrimento adveniente da dor física ou agitação emocional poderiam existir independentemente do corpo. Especificamente: a separação das operações mais refinadas da mente, para um lado, e da estrutura e funcionamento do organismo biológico, para o outro". Enfim, o erro de Descartes é o erro do dualismo radical entre corpo e alma/mente - na verdade, Damásio deixa bem claro que este erro não teria sido cometido apenas por Descartes, sendo este filósofo apenas um "símbolo de um conjunto de ideias acerca do corpo, do cérebro e da mente que, de uma maneira ou de outra, continuam a influenciar as ciências e as humanidades no mundo ocidental". Mas será que esta é realmente a visão de Descartes? Pretendo neste post acessar diretamente o texto do filósofo (através da melhor tradução disponível em português, publicada pela coleção Os pensadores) para verificar até que ponto estas críticas são pertinentes.

Após ler com atenção as principais obras do filósofo, com destaque para as Meditações metafísicas e As paixões da alma, é impossível não concordar com os autores do artigo Os acertos de Descartes (2016), segundo os quais, “Descartes não foi um dualista do tipo como normalmente se supõe”. Isto porque em inúmeras passagens de sua obra, Descartes aponta para uma significativa e constante interação entre corpo e alma, o que faz dele não simplesmente um dualista (que de fato ele é), mas um dualista interacionista. Como bem apontam os autores do referido artigo, para Descartes "o binômio mente-corpo diz respeito a entidades diferentes porém unificadas". Ao contrário da “separação abissal” entre corpo e alma enxergada por Damásio em Descartes, o próprio Descartes não vê as coisas desta forma, como se pode observar das seguintes passagens extraídas do tratado As Paixões da alma: “Não notamos que haja algum sujeito que atue mais imediatamente contra nossa alma do que o corpo ao qual está unida e que, por conseguinte, devemos pensar que aquilo que nela e paixão é comumente nele uma ação”; “A experiência mostra que os mais agitados por suas paixões não são aqueles que melhor as conhecem e que elas pertencem ao rol das percepções que a estreita aliança entre a alma e o corpo torna confusas e obscuras”; “É necessário saber que a alma está verdadeiramente unida ao corpo todo e que não se pode dizer que ela esteja em qualquer de suas partes com exclusão de outras, porque o corpo é uno e de alguma forma indivisível”. Em todos estes trechos é possível observar uma visão de integração entre corpo e alma e não uma separação radical entre estas duas substâncias. Ou seja, aquilo que é visto por Damásio como o principal erro de Descartes não passa de um mal entendido, ou melhor, de um erro de Damásio.

No centro, a glândula pineal
De fato, Descartes postula a existência de duas substâncias distintas e irredutíveis (corpo e alma) - e exatamente por isso seu dualismo é também chamado de dualismo de substâncias. No entanto, o filósofo também postula a existência de um ponto de contato entre estas duas substâncias: a glândula pineal, uma pequena glândula endócrina localizada no centro do cérebro, entre os dois hemisférios. Para Descartes é neste local que a alma age sobre o cérebro e sobre o resto do corpo. Como afirma no tratado As paixões da alma, "a parte do corpo em que a alma exerce imediatamente suas funções não é de modo algum o coração, nem o cérebro todo, mas somente a mais interior de suas partes, que é uma glândula muito pequena situada no meio de sua substância". Em outra passagem da mesma obra, Descartes afirma: "a alma tem sua sede principal na pequena glândula que existe no meio do cérebro de onde se irradia para o resto do corpo". O entendimento de que é na glândula pineal que ocorre a interação entre corpo e alma, embora seja considerada ultrapassado pela neurociência contemporânea, teve a função, naquele momento, de reforçar a visão cartesiana de que alma e corpo são entidades distintas porém conectadas. E esta visão - substituindo-se, certamente, o conceito de alma pelo de mente - não é uma visão antiquada. Se Descartes de fato errou em termos fisiológicos - e ao ler As paixões da alma é possível constatar que sua visão do funcionamento do corpo humano foi claramente superada - em termos filosóficos sua visão dualista ainda permanece em disputa. Ainda que o dualismo de substâncias, defendido por Descartes, tenha gradualmente cedido lugar a um dualismo de propriedades, que concebe mente e corpo - e não mais alma e corpo - como tendo/sendo propriedades diferentes de uma única e mesma substância - o dualismo ainda não morreu e dificilmente morrerá.

"O dualismo cartesiano está morto!" Será?
Para que isto ocorra será necessário, antes de tudo, uma reforma completa de nossa linguagem, fortemente dualista. Desde a Grécia antiga contrapomos alma e corpo, razão e emoção, vida e morte, claro e escuro, bem e mal, justo e injusto, etc. Nossa vida cotidiana é permeada por inúmeros dualismos, dentre eles o dualismo cartesiano. Mas para além disso, nossa linguagem também é fortemente mentalista, o que representa um enorme desafio - creio eu, intransponível - para aqueles que propõem e desejam o fim do dualismo mente/corpo e a ascensão de uma visão estritamente monista-materialista - caso, por exemplo, dos adeptos do chamado materialismo eliminativo. Afinal, sempre que falamos em mente, consciência, pensamento, desejo e vontade somos mentalistas e, sempre que contrapomos tais expressões a outras como corpos, cérebros e sinapses, acabamos caindo em alguma forma de dualismo. Mesmo aqueles que pretendem romper com o dualismo cartesiano acabam, muitas vezes, se utilizando de uma linguagem dualista. É o caso, por exemplo, de Antônio Damásio. Ainda que o autor pretenda superar ou ir além do dualismo cartesiano, no livro O erro de Descartes ele se utiliza tantas e tantas vezes da expressão "mente" - e mesmo "alma" - que é curioso que ele não tenha notado o quão paradoxal isso é. Veja, por exemplo, estes trechos: "a mente existe dentro de um organismo integrado e para ele; as nossas mentes não seriam o que são se não existisse uma interação entre o corpo e o cérebro durante o processo evolutivo", "A mente teve primeiro de se ocupar do corpo, ou nunca teria existido", "Será sensato afirmar que sua alma [de Phineas Cage] foi prejudicada ou que a perdeu?"; "A alma respira através do corpo, e o sofrimento, quer comece no corpo ou numa imagem mental, acontece na carne". Em todas estas passagens - e eu poderia acrescentar muitas outras - é possível observar que Damásio se utilizou de uma linguagem mentalista e, consequentemente, dualista. Assim, embora o neurocientista seja extremamente crítico ao dualismo de Descartes - ao ponto de expressar isso no título de seu livro - ele acaba por cometer o mesmo "erro". Aliás, Damásio comete um erro duplo: ignora o interacionismo entre alma e corpo defendido por Descartes e ao mesmo tempo descamba num dualismo inconsciente, reproduzindo uma visão semelhante àquela que é por ele criticada.  

Descartes pode até ter errado em muitas de suas hipóteses e conjecturas - especialmente em seus postulados sobre o funcionamento do corpo humano -  mas muitos dos supostos erros atribuídos a ele não passam de enganos baseados em leituras equivocadas e rasas sobre sua obra. Este é o caso de uma significativa parte das críticas relacionadas à sua visão dualista. Mas questionemos: Descartes errou ao postular a existência de corpo e alma como duas realidades distintas e em constante interação? No meu ponto de vista, não. Embora a expressão "alma" tenha caído em desuso fora da esfera religiosa, a expressão "mente" aos poucos foi tomando o seu lugar e um novo dualismo - ou uma versão diferente do velho dualismo - surgiu: o dualismo mente-corpo, também chamado de dualismo mente-cérebro. E este dualismo, em minha visão, continua fazendo sentido. Ainda que poucos defendam a ideia de que se tratam de substâncias diferentes, muitos defendem - eu incluído - que se tratam de propriedades ou "realidades" diferentes. Enquanto a mente diz respeito à nossa subjetividade, à nossa consciência, aos nossos pensamentos e sentimentos, o corpo diz respeito à nossa anatomia e fisiologia, ao nosso cérebro com seus neurônios e sinapses. A mente certamente depende do corpo, especialmente do cérebro, mas não pode ser reduzida a ele, nem ele a ela - os métodos para o estudo de cada um também são diferentes. E é claro que mente e cérebro interagem, o que pode ser constatado ao analisarmos, por exemplo, o efeito placebo (em que a mente afeta o corpo) ou a sensação de dor (em que o corpo afeta a mente), mas ainda não está claro como esta interação de fato ocorre. De toda forma, a visão que mente e cérebro ou mente e corpo são realidades distintas não me parece incorreta e não foi provada incorreta - e nem poderia porque, assim como o monismo-materialista, trata-se de uma tese metafísica, geral e abrangente, que, como tal, não pode ser testada empiricamente. Enfim, se Descartes cometeu erros, não foi por postular uma visão dualista. Este foi, pelo contrário, um dos seus principais acertos. A tese dualista, apesar de todo o avanço das neurociências e das ciências naturais, continua firme e forte por aí questionando e se contrapondo às visões materialistas defendidas por alguns filósofos e muitos neurocientistas. Como bem aponta o filósofo, e especialista em Descartes, Claudinei Luiz Chitolina no livro Mente, cérebro e consciência: um confronto entre filosofia e ciência, "O anticartesianismo professado e preconizado por cientistas e filósofos contemporâneos deixa transparecer a relevância teórica que Descartes assume no debate filosófico e científico acerca da mente. Não se pode permanecer indiferente frente ao legado cartesiano. Contra ou a favor, combatendo ou defendendo Descartes, o filósofo que é considerado um marco teórico (divisor de águas) na história da filosofia, muitos filósofos e cientistas contemporâneos tornam atual o legado cartesiano". 
.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

A neuroeducação e o efeito de sedução das explicações neurocientíficas

Na última semana o periódico British Journal of Educational Psychology publicou um excelente artigo escrito pelos pesquisadores Soo-hyun Im, Keisha Varma e Sanshank Varma, da Universidade de Minessota nos EUA, intitulado Extending the seductive allure of neuroscience explanations effect to popular articles about educational topics [Estendendo o efeito de sedução das explicações neurocientíficas para artigos populares sobre tópicos educacionais]. Neste artigo os autores tentam responder a uma interessante questão: será que os textos de neuroeducação, campo recente e controverso que pretende aproximar os campos da neurociência e da educação, se beneficiam do chamado "efeito de sedução das explicações neurocientíficas"? Desde 2008, quando a pesquisadora Deena Weisberg e sua equipe publicaram o clássico artigo The seductive allure of neuroscience explanations [O fascínio sedutor das explicações neurocientíficas] - sobre qual já comentei em outro post - um significativo conjunto de evidências vem apoiando a ideia de que a mera menção a uma explicação neurocientífica ou a exposição de uma imagem do cérebro tem o poder de aumentar a confiança de muitas pessoas em determinado texto ou notícia. Por exemplo, dizer (ou mostrar) que o hipocampo se ativa quando a pessoa se lembra de alguma informação, acrescenta muito pouco para o entendimento de como funciona o processo de memória nos seres humanos. Tal informação (ou imagem) apenas cria uma localização ficticia para este complexo fenômeno e confirma o entendimento, óbvio, de que o cérebro está envolvido nos processos de memorização, mas nada diz sobre como nossa memória funciona. No entanto basta colocar uma informação como essa no texto - ou então uma imagem colorida do cérebro - para que cresça a confiança das pessoas nas informações disseminadas. O cérebro é sexy, poderíamos concluir.

Mas será que tal efeito ocorre também com os textos educacionais? Será que a mera presença de uma pseudoexplicação neurocientífica e/ou de uma imagem cerebral teria o poder de influenciar na credibilidade dada a determinado texto? Os já referidos pesquisadores decidiram colocar tais questões à prova e para isso utilizaram-se de uma metodologia semelhante e aperfeiçoada àquela utilizada por Deena Weisberg em 2008. Em primeiro lugar, eles recrutaram 245 participantes através da plataforma Amazon Mechanical Turk, um site que permite a remuneração de participantes voluntários em pesquisas. Em segundo lugar estes participantes responderam a uma série de questionários e avaliaram, ao fim, a confiança que concediam a um breve artigo sobre educação. O grupo foi dividido em 4 subgrupos. Para 1\4 dos participantes foi exibido um artigo contendo apenas uma explicação psicológica de determinado processo educacional; para 1/4, além da explicação psicológica foi acrescida uma pseudoexplicação neurocientífica (que em nada acrescentava à explicação psicológica); para 1/4, além das explicações psicológica e neurocientífica, foi acrescido um gráfico; e, finalmente, para 1/4, além das explicações psicológica e neurocientífica, foi acrescida uma imagem cerebral de ressonância magnética. A informação essencial de todos estes artigos era basicamente a mesma; aquilo que os diferenciava eram os elementos extras (pseudoexplicações neurocientíficas, gráficos e/ou imagens cerebrais) presentes em 3 dos 4 textos. O que você acha que os pesquisadores encontraram?

Como já era de se esperar, o "efeito de sedução das explicações neurocientíficas" foi de fato observado, mas somente quando pseudoexplicação neurocientífica e imagem cerebral foram colocadas juntas. O artigo que incluía estes dois elementos foi sistematicamente mais bem avaliado em escalas de credibilidade do que os demais artigos. Tal efeito não foi observado no caso do texto com explicações psicológicas e neurocientíficas (como Weisberg encontrou em 2008) e naquele com um gráfico. Um primeira constatação interessante sobre este achado é que não é qualquer imagem que teria o poder de aumentar a credibilidade de um texto: um gráfico, por mais convincente que seja, não gera o mesmo efeito que uma imagem cerebral. Mas mesmo a imagem cerebral sozinha, sem uma explicação neurocientífica, não teria a capacidade de gerar este efeito. É somente quanto texto e imagem se encontram que a mágica acontece. Mas o que será que explica este efeito? Os pesquisadores arriscam duas respostas. A primeira é que as explicações neurocientíficas, a depender da forma como são usadas, simplificam complexos fenômenos cognitivos e emocionais. Dizer, por exemplo, que determinado comportamento ou pensamento "ativa" determinada área do cérebro oferece uma "explicação" simplificada (ou simplista) de complexos processos psicológicos. No entanto, esta "explicação de natureza reducionista", como apontam os pesquisadores, nada mais é do que uma descrição de determinado fenômeno no nível biológico/cerebral - e não propriamente uma explicação. Uma segunda resposta é que as imagens em geral - e as imagens cerebrais em particular - teriam o poder de cativar a atenção das pessoas de forma mais intensa do que apenas um texto (não é por outro motivo que as revistas e jornais são repletos de imagens). Ao mostrarem a "ativação" de determinadas partes do cérebro, tais imagens deixariam clara e evidente a realidade de determinado fenômeno, ainda que, de fato, muito pouco ou nada provem. 

Enfim, independente das explicações possíveis para este efeito, torna-se cada vez mais difícil negá-lo. Este estudo contribui para isto ao estendê-lo para textos e informações do campo da educação. O que os pesquisadores sugerem, neste caso, é que uma considerável parcela do poder de convencimento dos textos e livros do campo da neuroeducação, que tem se disseminado com incrível velocidade no mundo educacional, se devem - ou podem se dever - ao efeito de sedução das explicações e imagens neurocientíficas. Isto significa que devemos permanecer atentos e céticos com relação às informações que são cotidianamente "vendidas" a nós. Antes de "comprá-las" devemos tentar compreender o que elas realmente querem dizem, fazendo um esforço constante de separar o "joio do trigo", ou seja, aquilo que tem embasamento daquilo que não o tem. Do contrário estaremos comprando "gato por lebre". Todo cuidado é pouco.

Update 25/05/17: especificamente sobre o tema da neuroeducação eu já escrevi alguns posts além de um livro, baseado em minha dissertação de mestrado. Caso tenha interesse em adquirir meu livro, intitulado "O cérebro vai à escola": aproximações entre neurociências e educação no Brasil (2016) clique aqui. Para maiores informações sobre o livro acesse este post.