quarta-feira, 16 de julho de 2014
A psicóloga "da seleção" e o sigilo profissional
Um comentário:
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Oi, Felipe. Penso que é um debate necessário e para o qual não temos respostas prontas. Troquei e-mails com um jornalista - não exatamente esse - e disse que um Psicólogo, qualquer que fosse, não poderia falar publicamente de diagnósticos, como o de transtorno de estresse pós-traumático, por exemplo, no caso de seus clientes ou pacientes. Isso porque uma médica me indicou para que eu "ajudasse" a um jornalista a compreender o ocorrido com a seleção, solicitando que eu falasse sobre um "suposto estresse pós-traumático". Eu disse que não saberia dizer nada a respeito, uma vez que eu praticamente não compreendo coisa alguma das regras do futebol. E não poderia falar nada sobre a seleção, já que eu não vi e não ouvi nada a respeito. E mesmo que eu tivesse ouvido, eu seria o último a ir à imprensa falar alguma coisa.
Lembro do que eu aprendi com a Maria Helena Pereira Franco, numa de suas aulas, num desses pré-congressos de Psicologia... Ela coordena o Grupo IPE – Intervenções Psicológicas em Emergências, com sede em São Paulo, além do 4 Estações, Instituto de Psicologia especializado no tratamento de perdas, morte e luto... A regra principal do IPE, quando contratado para atender a casos de emergência, desastres e tragédias, é: jamais falar com a imprensa.
Penso que isso se aplica em todos os casos. É evidente que o Psicólogo que trabalha com desastres e emergências é praticamente desconhecido, mas isso não justifica, em hipótese alguma, que ele vá à imprensa falar sobre seu atendimento, mesmo que de "forma evasiva". Depois que a poeira baixar, caso haja um convite, ele pode ir ao mesmo programa tratar o assunto no sentido da psico-educação: como lidar com um luto dessa magnitude? Como lidar com as crianças? - são perguntas comuns de pessoas enlutadas pela morte de entres significativos...
Concordo com o jornalista em questão, que, pessoalmente, desconheço: desnecessário, bastante desnecessário. Quem poderá julgar se houve violação é o CRP, mas eu já disse e volto a repetir: é uma aparição pública desnecessária, pelos fins a que se propõe. - 17 de julho de 2014 às 11:08