segunda-feira, 29 de junho de 2009

Mais sobre Psicologia Virtual...

O Jornal Correio de Uberlândia publicou no último sábado (27/06/09) uma interessantíssima reportagem sobre o atendimento psicológico mediado por computador. Segue na íntegra abaixo:
 
Psicólogos atendem pela internet


Da sala ou do quarto com o notebook conectado à rede, Luiza [nome fictício] está pronta para iniciar a sessão. Na próxima hora, o sofá ou o colchão se torna o divã. Num mundo no qual se compra, vende, aluga, fecha negócio ou se conhece pessoas, fazer terapia pela internet até que não soa estranho. A prática já faz parte da rotina semanal da assistente administrativa. Foi com o atendimento psicológico online que ela recuperou a autoestima e superou o rompimento repentino do namoro de três anos. “Eu esperava me casar, de repente fiquei sem chão. Ele terminou comigo sem me dar qualquer motivo”, afirmou. Embora para os mais radicais nada substitua as interações face a face, para quem está angustiado ou sem tempo a ajuda ao alcance de um clique pode ser aquela luz no fim do túnel em meio à escuridão. A alternativa também ajudou Rafael [nome fictício] num momento de extrema angústia com relação ao rumo que sua vida tinha tomado. O rapaz formou-se em administração de empresas aos 22 anos e, aos 24, ocupava um dos postos mais altos da empresa na qual havia estagiado. A progressão, que, segundo ele, se deu por seus méritos, o fazia se sentir culpado. “Em dois anos, eu passei de estagiário a chefe de pessoas que estavam há mais de 15 anos na empresa. Elas me olhavam como se eu tivesse puxado o tapete delas”, disse. Numa noite, depois de chegar em casa e não conseguir se livrar do sentimento nem da lembrança dos olhares que recebia no trabalho, resolveu buscar na internet contatos de especialistas. Primeiro pensou em conseguir números de telefones de psicólogos para conversar, mas descobriu o serviço disponível na rede. “Descobri um profissional que estava online naquele exato momento. Teclamos durante uma hora, mais ou menos. Pude desabafar e receber uma orientação que me ajudou muito”, afirmou. Os serviços de psicologia pelo computador estão engatinhando no Brasil. A nova tendência é regulamentada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) pela Resolução Nº 012, de 2005, e exige o selo de aprovação do órgão disponibilizado no site para o público.

53 sites brasileiros estão credenciados

Atualmente, 53 sites brasileiros possuem credenciamento no Conselho Nacional de Saúde (CNS), sendo dois deles em Minas Gerais. Até a primeira quinzena de junho, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) havia registrado 365 solicitações de credenciamento de sites que gostariam de oferecer atendimentos pela internet. Destes, 117 estão sob análise e o restante foi reprovado por não atender aos critérios da Resolução que regulamenta o serviço. Até agora, o consenso entre os profissionais é de que não se pode resolver todos os conflitos num bate-papo eletrônico. Os sites credenciados perante o CFP estão habilitados a prestar ajuda para questões precisas ou crises específicas, mas nada grave. Caso contrário, o tratamento convencional é o indicado. De acordo com a membro do CFP, Andréa dos Santos Nascimento, o órgão regulamenta o atendimento psicológico mediado pelo computador, sem caráter psicoterapêutico. Ele se restringe à orientação e ao aconselhamento. A psicoterapia pela internet só pode ser realizada como pesquisa científica, cujo protocolo tenha sido aprovado por um comitê de ética em pesquisa, reconhecido pelo Conselho Nacional de Saúde. “A psicoterapia online ainda não é reconhecida como uma prática do psicólogo por não existirem estudos suficientes sobre isso”, afirmou Andréa Nascimento, mestre em política social e doutoranda em psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo. Porém, antes de se iniciar uma interação, Andréa Nascimento afirmou que é preciso se cercar de cuidados para não cair em armadilhas. “Há sites que clonam o selo do Conselho, por isso, antes de interagir, o internauta precisa clicar no selo e verificar se o link o remeterá ao site do Conselho. Além disso, a psicologia não se utiliza de bruxinhas nem de nenhum símbolo do esoterismos”, disse. Para ela, é preciso verificar ainda se a pessoa do outro lado é realmente um profissional sério. “Desconfie de consultas muito baratas, apesar de encontrar alguns profissionais que disponibilizam o atendimento a um custo menor, a diferença não deve ser escandalosa. O tempo de um bom profissional nunca é barato”, afirmou. As interações no atendimento psicológico online são feitas por intermédio do MSN, skype, google talk, gmail ou videoconferência, por isso, exigem um certo conhecimento sobre computador, para manipular as ferramentas. Para optar pela videoconferência, é necessário que o internauta não tenha resistência ao uso da câmera. Quem se trava diante da webcam não conseguirá ter êxito no atendimento.


PONTOS POSITIVOS

Timidez

Grande parte dos pacientes apresenta dificuldades de se abrir nas interações face a face. O atendimento online ajuda essas pessoas a relaxarem.

Comodidade

O acesso pela web diminui as chances de empecilhos como tempo, distância ou trânsito.

Custo

Um atendimento online é cerca de um terço mais barato que no consultório.

Residentes no exterior

A barreira da língua e da distância é derrubada, já que o desconhecimento do idioma pode ser um dos motivos de angústia.


PONTOS NEGATIVOS

Charlatanismo

O acesso pela internet aumenta o risco de cair em armadilhas e ser vítima de pessoas desqualificadas.

Conexão

A conexão entre os computadores do paciente e do terapeuta pode ser derrubada, o que interromperia a terapia. A praxe é igual: data e horário da consulta são agendados previamente.

Sigilo

Não há garantia de sigilo absoluto como ocorre com qualquer pessoa que navegue na rede, mas os adeptos alegam que nem o tratamento convencional oferece isso.

Conflito
 
Muitos especialistas afirmam que a terapia online funciona apenas como orientação, mas não segura a barra de uma crise.

Pesquisas

Não há pesquisas conclusivas que provem sua eficácia.

Interpretação

Na comunicação virtual, o terapeuta não vê ou ouve o paciente, o que compromete a interpretação dos signos e, consequentemente, torna a técnica tradicional inadequada. Ao escrever, o paciente pode mostrar segurança, mas no íntimo está apavorado.
Comentários
1 Comentários

Um comentário:

Luciana Rodrigues Vasconcellos disse...

Não tenho preconceito contra o atendimento on-line, acho que pode ser útil em emergências emocionais e, por exemplo, pessoas com fobia social ou depressão podem começar on-line e à medida que adquirirem confiança caminhar até o consultório. Tb acho que pode servir de primeiro contato, tb nada impede o psicólogo de ir até onde a pessoa até em vez de ficar só no consultório.