quinta-feira, 19 de julho de 2012

Sobre o TDAH e outras invenções



Neste momento, uma guerra está em curso no Brasil. De um lado, está a Psiquiatria, representada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP); do outro, a Psicologia representada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). No centro da guerra o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Em partes, trata-se de uma briga corporativa, uma disputa por mercado: a ABP defende o tratamento medicamentoso, o CFP, o tratamento psicológico. Mas o que está em jogo não é só isso. Mais profundamente, o conflito se deve à duas visões antagônicas do processo saúde-doença: uma biológica, outra psico-sociológica.

Na última sexta-feira, dia 13 de Julho, a ABP, em parceria com a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA) e com o apoio de mais 27 entidades brasileiras, lançou a "Carta de esclarecimento à sociedade sobre o TDAH, seu diagnóstico e seu tratamento" (leia aqui) com o objetivo explícito de eliminar qualquer questionamento com relação à "existência" do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Implicitamente, esta carta é uma mensagem direta ao CFP, que acabou de lançar a campanha "Não à Medicalização da Vida" e ao Fórum sobre a Medicalização da Educação e da Sociedade (veja aqui e aqui), que em diversos eventos, campanhas, sites e textos, tem criticado a atuação da Psiquiatria e colocado dúvidas sobre a existência deste "suposto transtorno". Em um post do ano passado eu discuti esta questão, mas acho que não deixei muito clara minha visão. 


Afinal, o TDAH existe? Sim, claro, sem dúvida. Mas existe porque foi criado. É uma invenção, real como todas as invenções. Concordo com o psiquiatra infantil - e meu professor na UERJ - Rossano Cabral Lima que, em seu excelente livro "Somos todos desatentos?", afirma: "Não duvidamos da existência do TDA/H, desde que se entenda que o transtorno existe como uma construção e não como um objeto autônomo e auto-evidente a partir do preenchimento de critérios diagnósticos ou da observação do funcionamento cerebral". Sob esta perspectiva, o inconsciente freudiano, da mesma forma que o TDAH, é uma invenção, que se tornou real a partir do momento em que foi inventado. 

Numa interessante reportagem da revista Trip (leia aqui), Marilena Proença, professora da USP, conselheira do CFP e militante anti-medicalização, afirma que "TDAH não existe. O que existe são crianças diferentes, com formas de aprender diferentes. Algumas são mais focadas, outras mais dispersas. Não existe um padrão de aprendizado”. A carta da ABP começa criticando exatamente os profissionais e pesquisadores que fazem afirmações como a de Marilena. Segundo a ABP, tais pessoas não são, de fato, cientistas, apenas "transmitem opiniões pessoais como se fossem informações científicas". E mais: não são apenas equivocados, mas talvez mal-intencionados e, certamente, perigosos, afinal, "tais opiniões equivocadas são nocivas para pacientes, familiares e para a população como um todo". Tudo isto indica, pra início de conversa, que não é possível - nem desejável - discordar dos cientistas, daqueles que detém o verdadeiro saber! Deve-se aceitar o que dizem, afinal a Ciência sempre tem razão, não é mesmo? Não devemos questioná-los, apenas reverenciá-los. Mas, como verdadeiros cientistas, que "provas" apresentam da existência do TDAH? Nesta carta, pelo menos, nenhuma. Utilizam-se apenas de argumentos de autoridade - do tipo "a OMS afirma que o TDAH existe, logo ele existe". Mas a OMS, em seu manual de doenças, o CID, já considerou a homossexualidade uma doença, deixando de considerar apenas em 1993. E mais: muitas coisas que não eram consideradas doenças hoje o são e outras que eram não são mais. Tanto o CID quanto o DSM mudaram - e mudam - enormemente entre uma edição e outra. Ou seja, o que a OMS diz ou deixa de dizer, neste caso, não prova nada, apenas dá autoridade e peso político ao argumento da ABP.


A ABP argumenta também que milhares de "publicações em bancos de dados" descrevem "claramente as graves consequências nas esferas acadêmica, familiar, social e profissional" do TDAH. Repito: descrevem as consequências, não "provam" a existência, não "provam" ser o TDAH um transtorno ou doença. Mas, a questão central, na minha opinião, é que eles não tem como provar. Afinal, como se pode provar cientificamente que o TDAH ou qualquer outro "suposto transtorno" é realmente um transtorno ou uma doença? O que é normal ou patológico nunca é algo evidente, dado, certo, mas é sempre produto de uma definição. E esta definição, por sua vez, é fruto de uma negociação permeada por interesses diversos (científicos, financeiros, humanitários, etc). No caso dos transtornos mentais, a linha que separa o normal do patológico é definida oficialmente por um restrito grupo de psiquiatras norte-americanos, responsáveis pela atualização do DSM. E como este grupo define o que entra e o que fica de fora do manual? Através de acordos e negociações, entre o próprio grupo e entre este e a sociedade. É claro que dados de pesquisas são utilizados nos grupos de trabalho, mas, certamente, há mais política e menos ciência do que normalmente se acredita. A Psiquiatria, assim como a Psicologia, é bem menos objetiva do que tenta parecer. Feliz ou infelizmente, não sei. 

Alguns podem argumentar: mas e as imagens cerebrais, não provam a existência do TDAH? Não. Mas como assim? Em primeiro lugar, grande parte, senão todas, as pesquisas neurocientíficas sobre TDAH partem de um diagnóstico realizado anteriormente. Os pesquisadores, então, comparam a atividade cerebral dos "portadores" com os não-portadores (os "normais"), o que, segundo alguns pesquisadores, evidencia a existência do transtorno. Primeira coisa: tal diferença, evidenciada pelas imagens é causa ou consequência do transtorno? Difícil saber. Segunda coisa: caso exista uma diferença, na média, entre os padrões de atividade cerebral, como definir se determinado padrão é patológico? Já disse diversas vezes neste blog, mas volto a afirmar: as neuroimagens não falam por si, elas precisam ser interpretadas. E a interpretação de que certo padrão é patológico ou não depende de definições anteriores. 


A carta da ABP critica ainda aqueles que afirmam ser a Ritalina perigosa e ter como principal objetivo tornar as crianças obedientes. Esta é uma das principais críticas à medicamentalização da vida: de que ela busca, pra dizer nos termos foucaultianos, normalizar as crianças, ou seja, torná-las "normais" - comuns, regulares, padronizadas. Esta visão negativa da Ritalina, conhecida também como a "droga da obediência", é amplamente disseminada pela sociedade - assim como a própria Ritalina -, tendo inspirado alguns clássicos epísódios de programas de humor como o South Park (baixe o episódio "Timmy 2000" legendado aqui) e os Simpsons (veja aqui legendado). Minha opinião, que já expressei em outras ocasiões neste blog, permanece: acredito que a medicação pode ser útil para certas pessoas em certas situações, mas percebo um exagero, um excesso de prescrições associado a um alargamento dos critérios diagnósticos. Além disso, tanto a perspectiva psiquiátrica quanto a psicológica, tendem a individualizar questões ou problemas que envolvem o contexto em que a pessoa está inserida. Tratar a pessoa, muitas vezes, significa, ignorar seu entorno. E a medicação, em muitos casos, tem sido o único recurso utilizado no "tratamento". Infelizmente.

No episódio do South Park, duas mães, cujos filhos foram diagnosticados com TDAH, conversam. A primeira afirma: "Tudo faz sentido agora. Eu nunca conseguia fazer o Stanley prestar atenção no avô dele quando ele contava histórias dos anos 30". A segunda, concordando, afirma, "Kyle fica tão agitado que as vezes ele corre e grita como um garoto de oito anos", ao que o próprio Kyle afirma "mas eu tenho 8 anos". Esta cena, explicita a principal crítica dos opositores do diagnóstico de TDAH, de que ele transforma em doença ou transtorno características normais da infância - ou, pelo menos, de algumas crianças. Outra crítica, evidente na fala da primeira mãe, é de que o mundo mudou e as crianças também. Assim, como esperar que uma criança, e mesmo um adulto, vivendo no hiperativo século XXI se comporte como se vivesse no "tranquilo" mundo do início do século XX?


Sobre o método diagnóstico, a carta da ABP afirma ser eminentemente clínico, mas que isso não torna "frágil" o processo. A ausência de exames físicos, afirmam eles, não fragiliza o diagnóstico de TDAH, da mesma forma que não fragiliza o diagnóstico de outros transtornos mentais, como o autismo e a esquizofrenia. O que eles não se dão conta é de que mesmo estes diagnósticos não são dados e certos, mas permanecem rodeados de inúmeras dúvidas e incertezas. Uma questão interessante é que tanto a ABP quanto a ABDA afirmam a todo momento que não há, de fato, nenhuma controvérsia sobre o TDAH (veja, por exemplo, aqui). Para eles é um fato científico inquestionável. Trata-se de um transtorno neurobiológico que traz sérias consequências para seus portadores e, portanto, deve ser tratado. O curioso é que, mesmo alegando haver consenso e não haver controvérsias, a ABP e outras associações sempre vêm à público defender a existência e a pertinência do diagnóstico de TDAH. Ou seja, se houvesse realmente um consenso, não precisariam fazer isso. Na própria carta, eles tentam estabelecer um paralelo do TDAH com a diabetes, só que uma importante diferença entre estes diagnósticos, dentre tantas, é que nenhuma associação precisa vir à público de tempos em tempos defender a existência do diabetes. Talvez no passado isso tenha sido necessário, mas não hoje. No caso do TDAH, não há qualquer consenso, nem dentro nem fora da psiquiatria.




Comentários
23 Comentários

23 comentários:

Anônimo disse...

Com certeza o argumento deles provinha de fontes melhores que South Park...

Felipe Stephan Lisboa disse...

Caro leitor anônimo, gostaria de fazer algumas considerações sobre seu irônico comentário. Em primeiro lugar, o episódio do programa South Park foi utilizado não como fonte do texto, mas como ilustração de uma discussão. Em segundo lugar, como se trata de um blog pessoal, optei por mesclar discussões acadêmicas com cultura popular, de forma a tornar os textos menos massantes e mais atrativos. A linguagem acadêmica "pura" tem o seu lugar, mas certamente não é em um blog. Uma revista científica e um blog são meios muitos diferentes de se realizar uma discussão. Como leitor, e mesmo como blogueiro ou acadêmico, é importante entender esta diferença. Um abraço.

Anônimo disse...

(Isabela)
Primeiro quero dizer que o texto está muito bem construído e os argumentos bem fundamentados. Fui diagnosticada como TDAH e, se eu não tivesse as características desse problema, creio que seria convencida facilmente pelo que foi escrito. No entanto, não é tão fácil assim, pois as características do portador, ou suposto portador, são tão difíceis de suportar que faz qualquer um que as tenha desistir de viver. Daí sim, eu concluo que os medicamentos tem sua importância, quando no limiar da loucura, o paciente não irá encontrar conforto para a dor com poucas seções de terapia, que também considero de suma importância ao longo do tempo
Acho que quando falamos de TDAH não falamos uma simples hiperatividade característica de uma criança , um simples esquecimento ou certos devaneios, mas de algo muito intenso que chega a prejudicar a pessoa de forma real. Eu digo isso por experiência própria e por observação, apesar de não ser psicóloga nem psiquiatra.

Felipe Stephan Lisboa disse...

Prezada Isabela, agradeço imensamente por seu comentário. Ele toca em uma questão que não tratei neste post: dizer que o TDAH, enquanto categoria diagnóstica, é uma invenção não significa negar que existam pessoas, como você, que realmente sofrem por serem hiperativas e/ou desatentas, muito menos afirmar que estas pessoas inventam os próprios sentimentos e comportamentos. Não significa também dizer que é besteira procurar ajuda. A discussão que trouxe está mais no plano das idéias do que no plano prático, do dia-a-dia da clínica. É lógico que, se eu não consigo me concentrar ou sou hiperativo em demasia, vou procurar ajuda. No mundo contemporâneo, o psiquiatra acaba sendo a primeira opção da maioria. Não há nada de errado nisso. Não acho que a pessoa que apresenta tais problemas deva procurar um psicólogo necessariamente. A questão, trazida neste post, não é qual tratamento funciona melhor, mas como definimos aquilo que é doença ou transtorno mental daquilo que não é. Que é um problema não conseguir se concentrar ou estar muito agitado, não tenho dúvidas. Mas será uma doença? Afinal, o que é uma doença? Quem, e com quais interesses, define o que é e o que não é uma doença? Estas são as questões discutidas neste post. Se você sofre, é natural e lógico que você queira procurar ajuda. Isto está fora de questão. O que questiono é o tratamento medicamentoso se tornar a única forma de lidar com certas questões. Da mesma forma que questionaria lidar com tudo através de terapia. Em ambos tratamentos, o foco é puramente individual. Mas não haverão questões sociais por detrás? Além do mais, e isto não é uma teoria conspiratória, a indústria farmacêutica tem grande interesse que comportamentos da vida sejam transformados em doença para serem medicados. Os laboratórios farmacêuticos até podem ter objetivos humanitários (o que duvido muito), mas têm, essencialmente, objetivos financeiros. Quanto mais pessoas forem rotuladas como doentes e medicadas, melhor para eles. Em posts futuros, vou escrever mais a respeito destas questões. Agora, só gostaria de me explicar um pouco para não ser mal-entendido. Meu foco de críticas é sobre aqueles que criam os diagnósticos, não sobre aqueles que os recebem. Um grande abraço.

Janaina disse...

Parabéns pela postura imparcial e didática de apresentar fatos tão relevantes e importantes de serem discutidos. Realmente precisamos de mais criticidade antes de aceitar o que nos é impostos.

Anônimo disse...

Poxa Felipe...muito esclarecedor o seu texto. Acontece que fico muito confusa, quando percebo o quanto sou dispersa, o quanto sou impulsiva e no quanto essas coisas afetaram toda a minha vida. já passei por muitos médicos e me vejo confusa a respeito do que tenho. Uma coisa é certa, não é normal o grau de desatenção e impulsivdade. Me sinto burra e lenta e já não sei mais o que fazer, pois os anos na escola e na faculdade me causaram tanta tristeza e frustração que estou deprimida e muitos acabam me atacando, dizendo que é só eu querer que paro de tomar remédios e fico boa.

Felipe Stephan Lisboa disse...

Janaína, não é de forma alguma errado procurar ajuda, seja um psiquiatra, um psicólogo e até mesmo um homeopata ou um pastor. Se sofremos podemos e devemos procurar ajuda. Recomendo que leia minha resposta ao comentário da leitora Isabela acima. Um abraço. Felipe

iza disse...

caro Felipe,

Este teu artigo é bom demais! vou compartilhá-lo no facebook e indicar o teu blog para meio mundo, ok?

Anônimo disse...

Olá Felipe!
Fiquei muito feliz de saber que este movimento está bem atuante no Brasil. Conheci a Dra. Maria Aparecida pelo Facebook e depois descobri o Fórum da Medicalização da Educação e da Sociedade. Como morei nos EUS já acompanho este assunto através da Comissão dos Cidadões para os Direitos Humanos (cchr.pt). Gostaria de contribuir com soluções para as dificuldades de aprendizado. Eu divulgo, utilizo e ensino um método de estudo que resolve a dispersão e falta de concentração nos estudos. Por favor, visite www.appliedscholastics.org e www.dianetica.org.br/estudo.html Havendo mais interesse posso apresentar-lhe o método. Veja também no meu Facebook fotos dos workshops Aprendendo a Aprender que ministro em várias cidades.
Estou sempre pronta para contribuir com esta causa e tenho materiais de apoio muito bons.
Abs, Lucia Winther

Davi disse...

Olha, eu já fui diagnosticado com TDAH por vários médicos e as medicações que eles me passaram só me fizeram mal. Meus principais sintomas são: desatenção para assuntos que não gosto, sinto que não me ambiento em qualquer lugar ou grupo, me cobro excessivamente em tudo e nunca me satisfaço, tenho hiátos em relação a sexualidade, fui bem 'danado' quando criança, e não sou bom em fazer decisões difíceis. Quando paro de fazer algo, é muito difícil para mim voltar a fazer. Fico com a maior indisposição do mundo. Já tive outros sintomas, que sumiram com o passar do tempo. Hoje eu leio muito, antes eu não conseguia ler nem o que eu gostava. O que se caracteriza como um hábito, e não um sintoma.

Eu sempre questionei a existência do TDAH, mesmo depois de ler muito e me informar muito sobre o assunto. E vi, também, aspectos da doença que eu não tenho e estou muito longe de ter. Aliás, tdah nem parece doença. Parece mais o comportamento que a maioria das pessoas tem. Até porque os sintomas mudam de pessoa para pessoa. COMO LIDAR?

A minha maior preocupação era ficar dependente de remédios, porque eu já tomei e vi que eles mudam muita coisa, e pra pior! E tenho essa preocupação também, porque tenho uma prima carnal que sofre de depressão e o irmão dela é dependente de remédios. O pai dela, é alguém totalmente anti-social, nem parece com o meu pai, que é seu irmão. Mas, essa minha prima já passou por muito: já sofreu um acidente de carro e passou por um coma, etc. O irmão dela já se envolveu com drogas pesadas. Eu, por outro lado, não tive nenhuma dessas experiencias, e meus traumas, são traumas comuns (kkkk), coisas que a gente vê facilmente. Minha preocupação, é a genética. Será que herdei algo ruim e que posteriormente vai se manifestar? Eu também tenho uma irmã que sofre de depressão, mas eu me vejo totalmente diferente dela. Eu li em um livro que por trás do que se pensava ser depressão ou outros transtornos, era TDAH.

Contudo, se existe TDAH ou não, eu prestei atenção na minha família e constatei que meu pai é bem desatento. Pergunta mais de uma vez e não tem muita paciência para ver filmes. Minha mãe é super desorganizada e tem problemas de sono. Meu irmão é desorganizado também, e se distrai com facilidade. Minha irmã mais velha, só é meio desorganizada. Mas, desorganização não é sintoma, fala sério. É educação.


Por favor, qualquer palavra que você possa dar, eu agradeço desde já!

Obrigado, Davi Barros!

Anônimo disse...

Ola!
Chamo-me Drakon.
Sou diagnosticado por TDAH!
Não sei de opnde surgiu essa definição, idéia, só sei que eu não acredito que seja um transtorno, mas sim uma característica psicológica.
Não acredito em uso de remédios para TDAH, tanto que eu não os tomo.
Depressão é um fator que ocorre por coisas externas e a DAH não nos deixa fragilizados, digo, mais suscetíveis a termos depressão.

Gostei muito do texto.
Minha psicóloga mesmo afirma que uso de medicamento para algum fator psicológico de um indivíduo, deve ser obrigatoriamente o ultimo recurso a ser utilizado.
(Sei que psicólogo não tem a formação de um psiquiatra, porém, ele tem acesso as informações e conhecimento suficiente para entender bem a psiquiatria)

DEUS É FIEL disse...

FÁCIL FALARMOS QDO NÃO SOMOS DDA, PRIMEIRO MEU PAI É DDA, MAS DO TIPO HIPERATIVO E BEM IMPULSILVO, JÁ EU SOU DO TIPO COMBINADO.
TEM OUTRO PARENTES DA FAMILIA DO MEU PAI COM DDA, MAS A GENTE NUNCA COMENTAMOS, MAS SÃO PESSOAS NÃO DIAGNOSTICADAS.

CONFESSO QUE ACHO IGNORANCIA QDO ALG FALA QUE É INVENTADO EU SEMPRE FUI DDA DESDE QUE NASCI ERA MAIS AGITADA, DESDE CRIANÇA DEI MAIS TRABALHO QUE MEUS IRMÃOS, COM 7 ANOS O MÉDICO DISSE QUE ERA UMA CRIANÇA AGITADA, DESATENTA, INTELIGENTE, NERVOSA MAS QUE NÃO ERA PARA MINHA MÃE SE PREOCUPAR PASSARIA ERA FASE.
CRESCI A VIDA PARECIA DESGASTANTE DEMAIS, EXIGIR MUITO PQ NÃO DAVA CONTA, ENTREI EM DEPRESSÃO COM PRIMEIRO SURTO AOS 15 ANOS, MAS SEMPRE COM PROBLEMAS DE ANSIEDADE, COMPULSÃO TD QUE DESENCADEOU POR FALTA DE UM TRATAMENTO CORRETO, MAS SÓ DESCOBRI SER DDA AOS 23 ANOS DE IDADE, NÃO ME TORNEI DDA NASCI DDA ACHO PRECONCEITO AQUELES QUE N ACEITAM, PQ N SABE COMO É E NEM MESMO COMO SENTIMOS, ISSO É UMA GRANDE BARREIRA, EXISTEM PESSOAS QUE TEM DIAGNOSTICO ERRADO SIM, MAS NÃO SE PODE GENERALIZAR, ACREDITO QUE ALGUMAS PESSOAS N TEM DDA, MAS EXISTEM AS QUE TEM.

PARA MIM É COMPLICADO OUVIR UM CD DE MUSICA INTEIRO, LER LIVROS, SENTAR ESTUDAR, DESLIGAR ATÉ MESMO PARA DORMIR, ESQUEÇO RÁPIDO, ME PERCO NO TEMPO E DIA A DIA NOS AFAZERES E PENSAMENTOS, VC N SABE O QUE É E NEM TEM NINGUÉM NA SUA FAMILIA ASSIM.

Anônimo disse...

A forma como um assunto é abordado sempre mostrará a ideologia que existe por trás do texto. Ninguém precisa "acreditar" em TDAH assim como ninguém precisa "acreditar" em hipertensão arterial sistêmica... A medicina de hoje é a "medicina baseada em evidências" e há muito tempo se constatou que a pressão acima de 130x90 mmhg é disfuncional e nociva para a saúde aumentando a incidências de uma série de problemas com o passar dos anos. Acho curioso ninguém achar arbitrário dizer que devemos tratar os hipertensos, ou que a industria inventou a hipertensão para vender remédios... Independente da vontade ou ideologia de quem quer que seja, hoje temos estudos com uma metodologia rigorosa que acompanham pacientes com TDAH há mais de 20 anos, e os fatos são que os pacientes com TDAH tem pior desempenho em todas as áreas da vida! É isso mesmo, pacientes com TDAH, tem pior desempenho nos estudos, ocupam posições inferiores no mercado de trabalho, são demitidos mais vezes, tem relacionamentos mais instáveis, separam-se mais vezes, contraem mais doenças sexualmente transmissiveis, se acidentam mais vezes, tem mais problemas no trânsito, e acreditem, apresentam 80% de comorbidade com outros transtornos mentais. Isso significa que de cada 10 adultos com TDAH, 8 terão outro transtorno mental, como depressão, ansiedade e dependência química... Portanto a idéia de que o TDAH é uma dádiva, ou coisa de criança, ou de gênios incompreendidos é uma piada! Pessoas criativas e carismáticas sempre existiram, com ou sem TDAH! Confesso que até acho que os hiperativos tem seu charme, mas nem por isso o TDAH deixa de ser um sério problema. Estima-se que 5% dos adultos tenham TDAH, e do total de adultos com TDAH no Brasil, apenas cerca de 4% estão em tratamento, ou seja, 96% dos adultos com TDAH não tomam Ritalina ou qualquer outro remédio. Portanto podemos até ter diagnósticos errados, mas estamos muito longe de exagerar no tratamento.
para quem quiser informações mais confiáveis, leiam "ADHA in Adults, what science says" (Barkley 2010).
Abraços

Anônimo disse...

Caro anônimo acima... Acho que seria interessante pensar também no tratamento de outras pessoas que, assim como os pacientes com TDAH, também possuem pior desempenho em "todas" as áreas da vida! Independentemente da vontade ou da ideologia, elas possuem pior rendimento escolar, são minorias em universidade, possuem uma expectativa de vida menor, são as grandes responsáveis pelos problemas no trânsito, também são as que mais tem problemas com o alcoolismo e com o consumo de drogas, são maioria nas cadeias, são também as mais preconceituosas e costumam a ter um temperamento mais agressivo. E não é só isso! Num estudo inédito na Universidade de Harvard, foi descoberto que (pasme!) todos os que sofrem de ejaculação precoce também fazem parte desse grupo.
Os cientistas (muito sábios) descobriram que tal transtorno está fortemente relacionado com uma anomalia no código genético desses indivíduos. Tais indivíduos, em sua grande maioria, ao invés de terem um par de cromossomos x, possuem um cromossomo y no lugar de um deles.
Esse problema é certamente um problema grave, espero que em breve se aperfeiçoem as drogas para combatê-lo.

(agora falando sério, esse tipo de pensamento é nojento!)

Anônimo disse...

EU NÃO DESEJO PRA VC E PRA NINGUÉM C ESSE TRANSTORNO, SÓ PASSANDO POR ISSO PRA ENTENDER!
ASS: MÃE DE UM TDAH Q VÊ SEU FILHO CHORAR TODOS OS DIAS PQ QUER FICAR PARADO E NÃO CONSEGUE.

Carlos Vianna disse...

Enquanto isso, tomo minha Ritalina (e esse papo que é como cocaína, papo de quem vive em teoria. Eu usei cocaína, e a Rita, que tem lá seus inconvenientes, é uma princesa se comparada com a bruxa perversa da cocaína) e espero apenas que os debatedores lembrem-se que não são só vidas de crianças que estão em jogo e que ao propagar uma ou outra teoria se está fazendo propaganda de pensamentos que influenciam. Eu ainda tenho que lidar com as descrenças de gente que não tem a mínima ideia da dor alheia, e é com essas teorias que elas se alimentam para cutucar feridas que tento curar. Ao contrário de muitos cientistas, eu creio em espírito e na sua evolução, creio que se somos diferentes é por algum motivo maior do que a ciência é capaz de desvendar. E é por isso que digo aos debatedores: não lutem por verdades, lutem por pessoas, com amor ao próximo. Toda verdade é excludente, exceto o amor. Portanto, não coloquem seus egos à frente da realidade de que tudo é possível, inclusive que os dois lados estejam certos, e não esqueçam que as consequências de suas ideias e palavras na vida de quem está dentro do suposto rótulo em questão serão tão maiores quanto mais virulenta for a defesa delas. E se questionem também o objetivo dessas defesas. Pois existe uma “doença” pouco estudada no mundo e que faz um estrago tremendo, porque seus portadores, muitas vezes, inconscientemente, buscam o poder de estarem certos a todo custo, e nessa busca machucam muita gente. Falo do egocentrismo, para o qual, infelizmente, não há medicamento, ainda.

Anônimo disse...

Sabe de nada inocente... Agora quanto a industria farmaceutica, sim, claro, ela quer ter cada vez mais lucros.
Mas enfim é assim...

bia disse...

Felipe, você se importa de postar novamente os videos legendados? o link já não está funcionando. obrigada pelo seu blog.

Anônimo disse...

Sim! é necessário repensar o TDHA. Comportamentos são diferentes de níveis glicêmicos, triste comparação da ABP. Provavelmente se obrigassem a receitar somente medicações genéricas aos psicotrópicos que medicalizam a vida, diminuiríamos esse absurdo crescimento de diagnósticos de transtornos mentais. Bem como, proibir esse mercado que enriquece os médicos.

Unknown disse...

Conheço bem os sintomas do TDAH e vejo nessa porção de textos por aí que o ser humano tem uma caracteristica interessante, achar que ja sabe de tudo e que a ciência já tem todas respostas pra tudo, achar que já que não se pode materializar não se pode provar.Daí um belo dia alguém vem e apresenta provas irrefutáveis, então todos dizem: sim isso realmente existe....Quem será dono das verdades absolutas??????

Luiza Carvalho disse...

Bem, tenho dois filhos que foram, ainda crianças, diagnosticados com TDAH. A menina, como se encaixava no tipo desatento, não lhe foi sugerido medicamento algum. Já o menino, inquieto, agitado, sem limites, além do medicamento (ritalina), também lhe foi sugerido acompanhamento psicopedagógico e psicológico. Ainda fiz a tentativa de uso da Ritalina, mas, aos 4 anos de idade, meu filho passou uma semana parecendo um zumbi.Decidi suspender, por conta própria, o uso da medicação e insisti no acompanhamento psicopedagógico e psicológico, na terapia ocupacional, e nas adaptações familiares. Mudei a rotina da casa, a minha rotina, a escola deles, e, sem medicação, fui trabalhando com cada um as dificuldades que apresentavam. A minha filha, como tinha dificuldade para aprender lendo, estudávamos cantando ou fazendo versinhos, para melhor assimilação. O uso de canetas de várias cores para destacar termos importantes até hoje é uma estratégia usada por ela. O Kumon também ajudou muito. Ela também usa até hoje post it de várias cores e tamanhos para não esquecer do que tem que fazer, e um quadro de avisos em seu quaro também ajuda. Muitas cores!! Para ela, esse é o segredo!! Já o caçula, como tinha a agitação e a inquietude, além da falta de limites, trabalhamos com regras claras e firmes, horários e rotinas rígidas. Atividades físicas, como natação, judô, bicicleta, skate e futebol ajudaram muito a canalizar a energia. Para a concentração, o xadrez foi essencial, bem como quebra-cabeças e até jogar Uno!!! Na escola, o diálogo foi essencial e a ajuda dos professores também. Os dois ainda sofrem com o TDAH, como hoje mesmo, quando perderam o horário para fazer a prova de um concurso público, porque simplesmente se atrapalham com horários, e com a ansiedade que a situação provoca. Meu filho muitas vezes vai ao banco sacar dinheiro e esquece o cartão em casa... kkkk. Já sorrimos muito dessas situações!!! Mas aprendemos a conviver e eles, principalmente, compreendem as suas limitações.
Concordo com o Felipe quanto ao exagero de medicação que há no que tange ao TDAH. Se todas as limitações fossem tratadas com medicação, tomaríamos remédios 24 horas por dia, porque ninguém é 100% são! Todos temos problemas e doenças, mas algumas podem ser controladas com fitoterápicos, outras com dieta alimentar, outras ainda com o uso de um equipamento ou aparelho, então há uma diversidade de possibilidades. A medicação é apenas uma delas. Talvez, no caso do TDAH seja a mais fácil, especialmente para pais, porque deixa a criança quieta. Temos visto cada vez mais os pais se dedicarem menos aos cuidados com os filhos e cada vez mais às suas carreiras. Os filhos são cada vez mais criados pelas babás. Então, nesse caso, a Ritalina vem a calhar, porque não exige muito dos pais. Reeducar o filho para aprender a lidar com suas limitações implica em reeducar a si mesmo e em ter tempo, em acompanhar os filhos. Ah, e pode ser que alguém pense que eu não tenho uma carreira e me dediquei apenas aos meus filhos para estar usando esse discurso de mãe desocupada. Engano! Sou pedagoga, meu esposo é historiador, trabalhamos muito (de 40 a 60 horas por semana), acabei de cursar um mestrado e estou estudando para o doutorado. Sou mãe, e como mãe entendo que o TDAH causa muitos problemas, mas não pode ser visto como algo tratável apenas pela forma medicamentosa. E eu sei que isso é possível, porque experimento isso todos os dias. Agora também sei que exige muito compromisso, cuidado, acompanhamento constantes. meus filhos hoje têm 23 e 19 anos, e minha tarefa não acabou. Ainda mando tirar as roupas esquecidas no banheiro, ou saio correndo para levar na faculdade a carteira de estudante que um deles esqueceu em casa, mas não desisto deles. E prefiro isso do que vê-los perder o brilho no olhar e o belo senso de humor que possuem.

Anônimo disse...

(Samuel)
Primeiramente parabéns pelo texto. Porém quando tu questiona sobre o fato da falta de atenção/hiperatividade não é supostamente uma doença, estas somente julgando o livro pela capa, o que diz no wikipédia sobre o transtorno. Eu como portador posso dizer que as coisas não são bem por aí. Temos dois lados da história. Um portador não somente sofre com a dificuldade em se concentrar ou a hiperatividade (existe deficit de atençao sem hiperatividade).Um portador sofre com desvios de personalidade, extresse intenso e passageiro, impulsividade, procastinação (nosso cerebro nos manipula o tempo todo), falta de organização de tarefas e tempo e muitas outras comorbidades que com o decorrer da vida vão acumulando e gerando muito sofrimento. Ao duvidar da existência do tdah (comprovado cientificamente) você esta sim prejudicando quem recebe o diagnóstico! Tudo nesse mundo gira em volta do dinheiro, se formos ver as segundas intenções por trás de pesquisas e avanços, só iremos nos decepcionar...O que se liga diretamente ou portador, que por esse sistema é um dos que mais sofrem a pressão, pois temos que nos adaptar a uma vida que nosso cerebro não quer. Novamente, os mais prejudicados com a tua visão de interesses acima de humanidade, são os portadores. E sobre o tratamento medicamentoso, assim como a terapia, tem seus desvios de conduta, em todo lugar havera gente mal intencionada. Porém isso não tem nenhuma ligação com a existencia do transtorno...Ao trazer isso a tona estas tirando o mérito dos dois tipos de tratamento, pois se não é um transtorno, é somente necessario um cafézinho para ajudar na concentração e um chá de camomila para ajudar na hiperatividade rsrsrs

Michelle disse...

Concordo. Meu filho foi diagnosticado e um monte de coisas passou a fazer sentido. Antes achava que fazia de propósito, hoje sei da questão é procuro ajudá-lo e chamar a atenção deles para os estudos.