Inspirado no excelente blog MindHacks (neste post), pesquisei no Google Notícias - somente para o ano de 2009 - as seguintes expressões: "diz o psicólogo", "diz a psicóloga", "psicólogo diz" e "psicóloga diz". Abaixo algumas das análises, conclusões ou indicações de nossos colegas de profissão - ou dos jornalistas que os entrevistaram (nunca dá pra saber quem falou o quê):
"Nascemos com o cérebro desenhado para encontrar sentido no mundo"
“Os opostos nunca se atraem”
"Facebook faz as pessoas mais inteligentes"
"Harry Potter é como uma droga"
“O eleitor sabe que o presidente pode dizer besteiras de vez em quando” (sobre o Lula)
“Como em tudo na vida, o importante é buscar o equilibro”
“Quando a personalidade é psicótica, a pessoa pode ser imprevisível e destrutiva”
“Temos que ouvir, dar conselhos úteis às pessoas e não nos podemos deixar envolver”
“A baixa autoestima é um problema crescente hoje”
"Atritos nas relações familiares podem causar problemas sérios"
"Qualquer criança dá trabalho"
"Há 20 anos, os jovens queriam mudar o mundo, hoje querem ganhar dinheiro"
“Na presença das sogras ou noras, o seu pior lado floresce”
"Propaganda de cerveja na televisão estimula o alcoolismo"
"A transmissão de valores às crianças se dá, justamente, através de exemplos"
"Evitar a dor no período neonatal faz com que as crianças apresentem menos problemas de comportamento, falta de atenção, agitação”
"Ciúme é um mecanismo de defesa do corpo"
"Nós temos jovens com perspectivas de vida e esses jovens podem ser a grande esperança do nosso país"
"Selinho não deve ser hábito entre pais e filhos" (sobre o episódio em Fortaleza)
“É preciso desapegar, aprender a perder"
"Briga entre pais estressa as crianças"
"A convivência com o irmão faz parte de um aprendizado saudável"
"Pais não conhecem os filhos"
"Bullyng começa em casa"
"Adriano é doce e obediente" (sobre o jogador de futebol)
Certamente há falas interessantes e ponderadas e outras nem tanto, mas o que percebo é que fala-se demais. Sobre tudo, todos e, na maioria das vezes, sem nenhum embasamento - científico, técnico ou qualquer coisa que fuja do senso comum, do achismo ou do puro e simples moralismo. Generaliza-se demais, naturaliza-se demais ("isto é, sempre foi e sempre será assim"), prescreve-se demais ("isto é certo, isto é errado"), interpreta-se demais, simplifica-se demais! Fala-se de tudo, mas não se fala nada! Não dá pra generalizar, claro. Há ótimas exceções, mas a regra ainda parece ser falar o óbvio - ainda que eu também pense que o óbvio muitas vezes precisa ser dito e redito pra vigorar. Mas não o tempo inteiro!!!
Sei também, por experiência própria, que jornalistas muitas vezes distorcem ou reduzem substancialmente a fala dos entrevistados. Outro dia mesmo dei uma entrevista e, quando fui ler sua publicação, observei que a jornalista selecionou uma ou duas frases de efeito minhas, misturou com algumas frases buscando sintetizar o que eu falei e opiniões dela própria... isso "tudo" em menos de dois parágrafos curtos. E olha que nós conversamos por mais de uma hora... Por tudo isso recomendo cautela a nossos colegas psicólogos na hora de darem entrevistas. Se realmente se dispuserem a falar, por favor, falem somente sobre o que entendem e dominam - e com muito cuidado. O que está em jogo, para além do reconhecimento pessoal decorrente da exposição, é a credibilidade da própria Psicologia - ciência e profissão - na e pela sociedade.
"Nascemos com o cérebro desenhado para encontrar sentido no mundo"
“Os opostos nunca se atraem”
"Facebook faz as pessoas mais inteligentes"
"Harry Potter é como uma droga"
“O eleitor sabe que o presidente pode dizer besteiras de vez em quando” (sobre o Lula)
“Como em tudo na vida, o importante é buscar o equilibro”
“Quando a personalidade é psicótica, a pessoa pode ser imprevisível e destrutiva”
“Temos que ouvir, dar conselhos úteis às pessoas e não nos podemos deixar envolver”
“A baixa autoestima é um problema crescente hoje”
"Atritos nas relações familiares podem causar problemas sérios"
"Qualquer criança dá trabalho"
"Há 20 anos, os jovens queriam mudar o mundo, hoje querem ganhar dinheiro"
“Na presença das sogras ou noras, o seu pior lado floresce”
"Propaganda de cerveja na televisão estimula o alcoolismo"
"A transmissão de valores às crianças se dá, justamente, através de exemplos"
"Evitar a dor no período neonatal faz com que as crianças apresentem menos problemas de comportamento, falta de atenção, agitação”
"Ciúme é um mecanismo de defesa do corpo"
"Nós temos jovens com perspectivas de vida e esses jovens podem ser a grande esperança do nosso país"
"Selinho não deve ser hábito entre pais e filhos" (sobre o episódio em Fortaleza)
“É preciso desapegar, aprender a perder"
"Briga entre pais estressa as crianças"
"A convivência com o irmão faz parte de um aprendizado saudável"
"Pais não conhecem os filhos"
"Bullyng começa em casa"
"Adriano é doce e obediente" (sobre o jogador de futebol)
Certamente há falas interessantes e ponderadas e outras nem tanto, mas o que percebo é que fala-se demais. Sobre tudo, todos e, na maioria das vezes, sem nenhum embasamento - científico, técnico ou qualquer coisa que fuja do senso comum, do achismo ou do puro e simples moralismo. Generaliza-se demais, naturaliza-se demais ("isto é, sempre foi e sempre será assim"), prescreve-se demais ("isto é certo, isto é errado"), interpreta-se demais, simplifica-se demais! Fala-se de tudo, mas não se fala nada! Não dá pra generalizar, claro. Há ótimas exceções, mas a regra ainda parece ser falar o óbvio - ainda que eu também pense que o óbvio muitas vezes precisa ser dito e redito pra vigorar. Mas não o tempo inteiro!!!
Sei também, por experiência própria, que jornalistas muitas vezes distorcem ou reduzem substancialmente a fala dos entrevistados. Outro dia mesmo dei uma entrevista e, quando fui ler sua publicação, observei que a jornalista selecionou uma ou duas frases de efeito minhas, misturou com algumas frases buscando sintetizar o que eu falei e opiniões dela própria... isso "tudo" em menos de dois parágrafos curtos. E olha que nós conversamos por mais de uma hora... Por tudo isso recomendo cautela a nossos colegas psicólogos na hora de darem entrevistas. Se realmente se dispuserem a falar, por favor, falem somente sobre o que entendem e dominam - e com muito cuidado. O que está em jogo, para além do reconhecimento pessoal decorrente da exposição, é a credibilidade da própria Psicologia - ciência e profissão - na e pela sociedade.