quinta-feira, 30 de julho de 2009

Tú, místico - Fernando Pessoa


Tu, Místico

Alberto Caeiro/ Fernando Pessoa



Tu, místico, vês uma significação em todas as cousas.

Para ti tudo tem um sentido velado.

Há uma cousa oculta em cada cousa que vês.

O que vês, vê-lo sempre para veres outra cousa.



Para mim, graças a ter olhos só para ver,

Eu vejo ausência de significação em todas as cousas;

Vejo-o e amo-me, porque ser uma cousa é não significar nada.

Ser uma cousa é não ser susceptível de interpretação.


Fonte: Poesia Completa de Alberto Caeiro (Companhia de Bolso, 2005)
Comentários
1 Comentários

Um comentário:

Bia, Jarbas e Luquinha disse...

"ser uma cousa e não significar nada" Abaixo aos rótulos!!!!

Amei o seu blog!
Bia.