Depois de publicar os ESPETACULARES Morcegos negros (sobre a corrupção no governo Collor), Ministério do silêncio (sobre a história dos serviços secretos brasileiros) e O operador (sobre o mensalão, tanto em sua primeira versão mineira e tucana quanto na posterior nacional e petista), o premiado jornalista Lucas Figueiredo acaba de lançar o livro Olho por olho: os Livros Secretos da Ditadura (ed. Record, 2009). De acordo com o site do projeto Sempre um Papo (vinculado pela TV Camara):
A guerra entre os defensores e os opositores da ditadura militar no Brasil (1964 a 1985) foi longa e suja. O que durante duas décadas não se soube é que o confronto derradeiro mobilizou menos de 40 combatentes de cada lado, foi silencioso — quase invisível — e durou 28 anos: de 1979 a 2007. Um conflito que extrapolou, assim, o próprio período da ditadura. A última batalha dessa guerra foi travada por dois livros. “Brasil: nunca mais” — a “bíblia” sobre a tortura praticada pelas Forças Armadas — e o menos conhecido “Orvil”, a resposta do Exército, sobre a guerrilha e o terrorismo de esquerda. Os bastidores dessa batalha, com detalhes de cortar o fôlego, estão reunidos no livro “Olho por Olho: os Livros Secretos da Ditadura”. Na obra, Figueiredo — com três Prêmios Esso de Jornalismo no currículo — revela toda a tensão dos seis anos de trabalho sigiloso do “Brasil: nunca mais”. Além disso, a obra traz à tona o “Orvil”, o livro de quase mil páginas que o Exército produziu para rebater o “Brasil: nunca mais”, mas que nunca foi publicado, tornando-se assim talvez o mais volumoso documento secreto das Forças Armadas. Depois de ter acesso a uma das quinze cópias sigilosas do “Orvil”, o jornalista constatou um fato impressionante: no livro secreto, o Exército confessa o envolvimento na morte de duas dúzias de presos e desaparecidos políticos.
Li as obras anteriores de Lucas com um prazer incomensurável. Ele, além de um brilhante jornalista - e, por isso, obsessivamente atento aos fatos - é também um escritor extremamente talentoso que consegue transformar importantes, porém pouco explorados, momentos históricos brasileiros em puro suspense. Enfim, seus livros são deliciosos, mesmo, e especialmente, quando tratam de temas duros e indigestos de nossa história recente. Pretendo encomendar Olho por olho esta semana, mas, desde já, fica a dica para todos que - como eu - gostam de bons livros de não-ficção. Afinal, a realidade sempre dá um jeito de nos surpreender...