Há cerca de duas semanas, a reportagem de capa da revista Veja foi sobre a questão da (a)normalidade. Tema pertinente numa revista impertinente. Li a reportagem somente este semana na internet, pois me recuso a comprar esta revista. A reportagem - intitulada "Você é normal?" - tem uma série de erros (históricos e conceituais), mas, de uma forma geral, é interessante. A idéia central foi questionar o conceito de normalidade a partir da disseminação das tecnologias de neuroimagem. O jornalista André Petry conversou com importantes pesquisadores, como o psiquiatra Peter Kramer (autor do polêmico livro "Ouvindo o Prozac"), segundo o qual caminhamos para uma "anormalidade universal", além da médica Márcia Angell, autora do sensacional livro "A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos". Segundo Angell, com a multiplicação das categorias diagnósticas, "parece que vai ficar ainda mais difícil ser normal". Uma falha grave da reportagem, na minha opinião, foi nem sequer mencionar o papel das indústrias farmacêuticas no processo de medicalização. Nem ao menos o título do principal livro da Márcia Angell foi citado. Muito estranho isto, pois vários livros foram mencionados! O repórter parece colocar toda a responsabilidade nos psiquiatras e nos pesquisadores. Trata-se de uma omissão esperada numa revista comercial, que não pode se indispor com eventuais (ou atuais?) parceiros.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Você é Normal?
Há cerca de duas semanas, a reportagem de capa da revista Veja foi sobre a questão da (a)normalidade. Tema pertinente numa revista impertinente. Li a reportagem somente este semana na internet, pois me recuso a comprar esta revista. A reportagem - intitulada "Você é normal?" - tem uma série de erros (históricos e conceituais), mas, de uma forma geral, é interessante. A idéia central foi questionar o conceito de normalidade a partir da disseminação das tecnologias de neuroimagem. O jornalista André Petry conversou com importantes pesquisadores, como o psiquiatra Peter Kramer (autor do polêmico livro "Ouvindo o Prozac"), segundo o qual caminhamos para uma "anormalidade universal", além da médica Márcia Angell, autora do sensacional livro "A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos". Segundo Angell, com a multiplicação das categorias diagnósticas, "parece que vai ficar ainda mais difícil ser normal". Uma falha grave da reportagem, na minha opinião, foi nem sequer mencionar o papel das indústrias farmacêuticas no processo de medicalização. Nem ao menos o título do principal livro da Márcia Angell foi citado. Muito estranho isto, pois vários livros foram mencionados! O repórter parece colocar toda a responsabilidade nos psiquiatras e nos pesquisadores. Trata-se de uma omissão esperada numa revista comercial, que não pode se indispor com eventuais (ou atuais?) parceiros.
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