Excelente esta reportagem da Globo News sobre a dependência de internet (ou, como eles, chamam, o "vício em conexão"). Mas o mais interessante na matéria é a entrevista com o psicólogo americano Jeffrey Schaller, autor do polêmico livro "Addiction is a choice". Ele defende a idéia de que comportamento (aquilo que a gente faz) é uma coisa e doença (aquilo que a gente tem e que se expressa em nosso corpo) outra. E os vícios/adições seriam, na sua concepção, comportamentos e não doenças (como apontam o CID-10 e o DSM-IV). Assim, o que chamamos de dependência de álcool e drogas, de sexo, de internet, etc. não passa de um comportamento auto-destrutivo baseado na escolha do indivíduo. Para ele, neste caso, não há doença alguma. Tudo é uma questão de escolha! Por alguma razão, aquela atividade - mesmo que gere conseqüencias graves - tem um sentido para aquela pessoa, preenche alguma coisa. Por isso a pessoa "escolhe" continuar repetindo tal comportamento (Skinner explica!). O que o autor problematiza, na verdade, é uma velha discussão: qual a responsabilidade do indivíduo adicto em seu próprio "tratamento" (ou mudança de comportamento)? Porque uma coisa é verdadeira: muitos indivíduos se escondem sob o rótulo de DOENÇA para se fazerem de coitadinhos e não mudarem. Certamente este rótulo retira a responsabilidade do indivíuo sobre seu problema, mas será que simplesmente não existe esta história de dependência? Será que tudo é uma questão de escolha? Pensando desta forma, voltamamos à velha história de que o indivíduo que não consegue abandonar ou modificar seu comportamento não tem "força de vontade" e é um "fraco". O ponto de equilíbrio nesta discussão é que ao mesmo tempo em que o indivíduo tem um problema (e já está mais do que provado que há um mecanismo cerebral de recompensa que acaba por gerar uma dependência de determinada substancia ou comportamento) há a responsabilidade da pessoa sobre sua própria vida. O problema é que às vezes falta motivação. Mas aí já é outra história...