Em função do sequestro das garotas de Santo André e de seu trágico desfecho com a morte da jovem Eloá Pimentel, vários psicólogos foram chamados pela mídia a dar declarações, principalmente sobre o ex-namorado-sequestrador Lindemberg Alves. A seguir algumas delas:
Descrito por amigos como pacato e tranqüilo, o seqüestrador Lindemberg Fernandes Alves esconde um perfil bem diferente. Para a psicóloga Cristina Doca, as escolhas dele, como o relacionamento com uma menina bem mais nova que ele - quando ele e Eloa começaram a namorar, Alves tinha 19 anos e ela, 12 - escondem um perfil possessivo e, ao mesmo tempo, dependente e frágil.
- Ao namorar uma garota bem mais nova, a relação de poder certamente é bem mais fácil. Não é uma relação de troca, como num relacionamento comum. Como ele não sabe ouvir "não", tem um perfil ciumento e acabou tendo uma atitude desproporcional quando tudo acabou - diz Cristina.
Segundo a psicóloga, foi o ciúme de Alves que o levou a tentar controlar a situação, fazendo com que Eloa mudasse de idéia sobre o fim do relacionamento.
- Ele tentava fazê-la entender que ainda gostava dela, mas acabou ficando acuado e perdendo o controle, numa reação típica de desespero - resume.
Colegas que preferem não se identificar contam que ouviram reclamações de Eloa sobre o relacionamento de três anos que manteve com Alves. Ela se queixava com as amigas do ciúme excessivo do namorado, que praticamente queria mantê-la longe da rua ou de qualquer contato social no bairro. Descrita como uma menina doce no trato, Eloa chama a atenção pela beleza. Morena, de cabelos negros, ela poderia até provocar ciúme nas outras meninas, mas, ao contrário, despertava a simpatia de todos os alunos da Escola Estadual Professor José Carlos Antunes.
- Sempre que alguém precisa de alguma coisa, ela é a primeira a ajudar - comentou Paulo Henrique Monteiro da Silva, de 15 anos, amigo de escola de Eloa.
O desfecho trágico do seqüestro da menor Eloá Cristina Pimentel, 15, pelo ex-namorado Lindemberg Alves, de 22 anos, levantou a questão do transtorno de personalidade, já que o seqüestrador não tinha nenhum antecedente criminal.
Em entrevista ao SETV 1º edição o psicólogo e especialista em comportamento humano, Alexandre Hardman falou sobre o perfil de quem pratica esse tipo de crime e alertou sobre a importância dos pais orientarem seus filhos desde cedo para que os mesmos saibam que em algumas situações receberam o não como resposta e terão que saber lidar com isso.
Sobre o comportamento do seqüestrador o médico explicou: “a pessoa que comete um crime desse tipo tem características regulares, geralmente são: homens, mais velhos, não tem antecedentes criminais e posteriormente não existe a reincidência do ato”, explicou.
“O fatores que motivam o ser humano são muitos. E muito desses sentimentos começam ainda na infância. Muitos acham que a paixão está ligada a uma sensação de posse. A rejeição pode ser canalizada como ódio. E a pessoa rejeitada se sente vítima da outra”, alerta.
Infelizmente comportamentos com o do jovem Linderberg são mais comuns do que se imagina. “Isso acontece a toda hora em todas as cidades. Alguns sinais podem ajudar a perceber pessoas com transtornos de personalidade: num censo comum é difícil identificar, mas geralmente são pessoas que não aceitam o não como resposta, não gostam de ser contrariadas “, resume.
O psicólogo destaca ainda a importância da família, que desde cedo pode orientar a criança para que ela seja um adulto bem resolvido. “Algumas pessoas dizem que dizer não na infância traumatiza. Mas o não é necessário, pois é importante estabelecer limites. E deixar claro para a criança que a vida é uma relação de troca. As pessoas que são criadas com o sentido de dar. E nada tem que dar em troca, podem ter esse limiar baixo. E numa situação extrema pode perder o controle. Todo excesso é ruim. Se você diz não o tempo todo é ruim , mas se diz sim o tempo todo, também pode ser prejudicial. Nos dias de hoje, por conta do pouco tempo dispensado aos filhos, muitos pais permitem muito e exigem pouco, não estabelecendo uma relação de troca”, alerta.
Sobre o desfecho do trabalho da polícia com seqüestrador o médico conclui: “negociar com um criminoso passional é muito difícil, Pois não existe moeda de troca, já que o que ele mais deseja ele já “possuía”. A policia poderia ter usado de outras técnicas mais rápidas nessa situação e impondo com mais rigorosidade a sua vontade”.
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Ahh, os psicólogos e suas análises vagas e diagnósticos a distância... Por que insistem em cometer velhos erros?