A questão de porque agimos como agimos é 
uma das mais complexas - senão a mais complexa - da psicologia. A 
minissérie A mente do assassino: Aaron Hernandez, recém-lançada 
pela Netflix, é um interessante estudo de caso sobre essa questão. Sua 
proposta é tentar entender os motivos que teriam levado o megaastro do 
futebol americano Aaron Hernandez a se tornar um assassino de, 
supostamente, três pessoas. Por que um sujeito com a vida ganha, com 
dinheiro e fama, arriscaria perder tudo o que conquistou matando outras 
pessoas? E as respostas dadas pela série são bastante complexas - e, 
como já era de se esperar, inconclusivas. O que leva um indivíduo a agir
 de determinada forma em determinado momento está sempre relacionado a 
uma miríade de fatores. No caso de Aaron a série traz relatos que 
apontam para uma homossexualidade reprimida, para problemas familiares -
 incluindo a possibilidade de abuso sexual, para uma doença cerebral 
(ETC) ocasionada por repetidas batidas na cabeça relacionadas à sua 
prática como jogador de futebol americano, para o uso abusivo de 
maconha, dentre outras coisas. Mas a grande questão, não tocada pela 
série, é que nada disso é ou seria suficiente para explicar o 
comportamento assassino de Aaron. Muitas pessoas reprimem a propria 
sexualidade, fumam maconha, desenvolvem doenças cerebrais e/ou tem 
problemas familiares, mas pouquíssimas delas matam outras pessoas. 
Porque algumas o fazem é um mistério que dificilmente terá alguma 
resposta satisfatória ou conclusiva. Qualquer explicação será apenas uma
 hipótese dentre tantas outras. É possivel dizer que um sujeito 
assassina outro porque tem uma genética favorável à isso, ou porque tem 
uma configuração cerebral "assassina" ou porque foi abusado na infância,
 ou porque sofreu bullying na adolescência, ou porque estava quente 
demais naquele dia, ou porque ele comeu açúcar demais naquela semana, ou
 porque séries do Netflix glamourizam histórias de assassinato, etc, mas
 nenhuma explicação ou pseudoexplicaçâo - e nem mesmo um conjunto de 
explicações- jamais será suficiente para explicar (e muito menos 
justificar) determinado comportamento. Este me parece ser um dos limites
 do conhecimento humano.
 

 
