Segundo o Dicionário Informal, a expressão reme-reme diz respeito à "algo que vai andando devagar, nem bem, nem mal, assim-assim, vai andando como de costume, como sempre, não melhora, nem piora, não acelera, nem para". Pois esta expressão é perfeita para descrever a série Normal people, lançada em 2020 pela plataforma Hulu - e distribuida no Brasil pela StarzPlay. Trata-se de um reme-reme infernal com 12 longos (embora curtos) episódios. Baseada no best-seller homônimo da escritora Sally Rooney - que não pretendo ler - a série acompanha os (poucos) encontros e os (muitos) desencontros dos jovens irlandeses Marianne e Connell, desde o ensino médio até o início vida adulta. A série tem um tom exageradamente triste e dramático, que me incomodou muito. Em certos momentos, diante do chove-não-molha interminável dos personagens, e dos infinitos olhares melancólicos de um para o outro, minha vontade era entrar na tela e gritar para eles: "Pelo amor de deus, fiquem juntos ou se separem logo. Acabem de uma vez com todo esse sofrimento". Mas o sofrência não acaba nunca e só se acentua, o que torna a experiência insuportável em vários momentos. E o que dizer da trilha sonora, que parece ter sido retirada da playlist "Músicas tristes para chorar até dormir", do Spotify? Pra coroar a desgraceira, todos os personagens da série são incrivelmente chatos e desinteressantes - e se eles são as tais "pessoas normais" do título, a única conclusão possível é que as pessoas normais são terrivelmente chatas e desinteressantes, o que faz muito sentido. Por sinal, acho o título da série (e do livro) excessivamente ambicioso e, justamente por isso, equivocado. Afinal de contas, o que raios é uma "pessoa normal"? Não consigo imaginar questão mais complexa e problemática que essa, mas a resposta da série (e, ao que parece, do livro) é que Marianne e Cornell seriam modelos arquetípicos dessa tal normalidade. Mas o meu ponto é: se esses personagens terrivelmente chatos são "pessoas normais" então deus me livre ser normal!