segunda-feira, 13 de abril de 2020

"Tudo em seu lugar": breves comentários sobre o novo livro póstumo de Oliver Sacks

Oliver Sacks é um dos meus escritores favoritos - e um dos que mais me influenciaram a escrever ensaios. Já li toda a sua obra e considero alguns de seus livros verdadeiras obras-primas, em especial aqueles que analisam casos de pessoas com doenças neurológicas graves e estranhas como "O homem que confundiu sua mulher com um chapéu", "Um antropólogo em marte" ou "O olhar da mente" - isto pra não falar do clássico "Tempo de despertar", que inspirou o belíssimo filme lançado em 1990. Já seus livros autobiográficos e de relato de viagens (Tio Tungstênio, Diário de Oaxaca, Sempre em movimento, etc) não considero excelentes - no máximo bons. Não pretendo aqui analisar toda sua obra - pois já fiz isso em um texto que publiquei neste blog em 2018, três anos após sua morte. Gostaria de analisar agora, também brevemente, seu novo livro - isto é, seu terceiro livro póstumo: "Tudo em seu lugar", recém-lançado pela Companhia das Letras (os anteriores são "Gratidão" e "Rio da consciência"). Nesta coletânea de ensaios, 33 no total, Sacks traz um pouco de tudo o que lhe tornou célebre: relatos autobiográficos, análises de casos neurológicos e reflexões sobre a vida e o mundo. Não considero que esse livro acrescente em nada - ou muito pouco - ao que ele escreveu e publicou ainda em vida. Gostei de fato de poucos ensaios (3 pra ser mais exato, todos relatos ou discussões sobre doenças neurológicas). Os ensaios autobiográficos - como seus próprios livros autobiográficos - não são assim tão interessantes e são muitas vezes massantes. Enfim, este livro está longe, muito longe, de figurar entre seus melhores mas ainda assim sua leitura vale a pena - como dizem de Woody Allen, o pior Sacks ainda é melhor que grande parte do que é lançado todos os dias. Uma dúvida que eu fiquei é o porquê do título - não há nenhum capítulo que se chama "Tudo em seu lugar" e eu não me lembro de ver a expressão em nenhuma passagem do livro. E como a editora não inseriu nenhuma introdução ou prefácio - o que considero uma falha - eu fiquei sem entender.
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