terça-feira, 18 de junho de 2024

"O reino animal" e a animalidade humana

A superprodução francesa "O reino animal" (Le règne animal), escrita e dirigida pelo cineasta Thomas Cailley, retrata um mundo no qual inúmeras pessoas, de maneira aparentemente aleatória, começam a se transformar em animais - e eu digo "começam a se transformar" porque esta transformação, de gente em bicho, não ocorre abruptamente mas sim de forma lenta e dolorosa. E no meio desta "epidemia" acompanhamos um pai e um filho se adaptando a uma nova cidade algum tempo depois que esposa/mãe deles manifestou tal transformação e acabou sendo internada. Na minha visão, o filme é uma fantástica metáfora para a forma como lidamos ao longo da história com as pessoas entendidas como anormais - entendimento este que, cabe apontar, se alterou imensamente com o passar das décadas e séculos. Muitas vezes tais pessoas foram (e continuam sendo) aprisionadas, humilhadas, violentadas e mesmo mortas - e tudo isso em nome de um suposto risco/perigo que elas representam. No filme a principal medida adotada pelas autoridades quando a pessoa manifesta qualquer sintoma de "animalidade" é a prisão, isto é, a internação. No entanto, algumas pessoas começam a defender a necessidade de uma coexistência, isto é, de uma convivência mais próxima entre humanos e "bestas" e até mesmo a criação de um "reino animal", onde tais seres híbridos poderiam viver livremente, ainda que afastados dos seres humanos "puros". O filme explora tais discussões de uma forma muito sensível e tocante - e com excelentes efeitos especiais, que conseguem tornar as bizarras criaturas extremamente verossímeis. "O reino animal" foi lançado em 2023 na França mas ainda não tem data de lançamento no Brasil e não está disponível em nenhuma plataforma de streaming. Não me pergunte, portanto, onde eu assisti...
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