Vale ressaltar que em nenhum momento do artigo os pesquisadores apontam que ambientes naturais fazem bem ou podem fazer bem para o cérebro, mas para os seres humanos em geral. E porque eles dizem desta forma? O motivo é bastante simples. O cérebro, sendo um músculo, não tem a capacidade de sentir ou de estar bem ou mal. Quem possui tal capacidade somos nós (pessoas/organismos como um todo) e não nosso cérebro - como já apontei, de certa forma, em um post anterior. Portanto, da próxima vez que ler manchetes como essa, ignore a expressão "para o cérebro" e concentre-se em "faz bem". E tente também ignorar o absurdo que são algumas pesquisas - ou pelo menos a divulgação delas - que só provam aquilo que já sabemos. Ler faz bem? Nossa! Dormir também! Que coisa! Os psicólogos Sally Satel e Scott Lilienfeld, no livro Brainwhashed chamam tais expressões de "neuroredundâncias" por simplesmente reforçarem aquilo que já sabemos - só que com uma roupagem neurocientífica. São "mais do mesmo": parecem dizer muito mas não dizem nada - ou, pelo menos, nada novo. Por outro lado, dizer que ouvir Enya e jogar Tetris fazem bem ao cérebro podem até parecer informações novas e interessantes; no entanto, mesmo tais notícias acrescentam muito pouco ao leitor. Isto porque algumas perguntas básicas raramente são respondidas: como foi feito o estudo que embasa esta afirmação? quantas pessoas participaram? qual foi a metodologia? Sem responder tais perguntas é difícil acreditar em afirmações generalistas como "ouvir Enya fazer bem ao cérebro". Que cérebro, cara pálida? Ou melhor, para quais pessoas escutar Enya faz bem? Para algumas certamente, mas não para todas. Algumas pessoas se sentem bem escutando Enya ou música clássica, mas outras preferem heavy metal ou samba - e isto "faz bem" a elas. De toda forma, é claro que existem coisas que fazem bem, mas isto não significa 1) que fazem bem a todas as pessoas do mundo o tempo todo e 2) que fazem "bem ao cérebro". Se algo faz bem, faz bem à pessoa como um todo. Por tudo, isso, da próxima vez que ler que algo "faz bem ao cérebro" tente refletir sobre o que isso realmente quer dizer. Muitas afirmações parecem dizer muito mas efetivamente não dizem nada.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
O que significa dizer que algo "faz bem para o cérebro"?
Vale ressaltar que em nenhum momento do artigo os pesquisadores apontam que ambientes naturais fazem bem ou podem fazer bem para o cérebro, mas para os seres humanos em geral. E porque eles dizem desta forma? O motivo é bastante simples. O cérebro, sendo um músculo, não tem a capacidade de sentir ou de estar bem ou mal. Quem possui tal capacidade somos nós (pessoas/organismos como um todo) e não nosso cérebro - como já apontei, de certa forma, em um post anterior. Portanto, da próxima vez que ler manchetes como essa, ignore a expressão "para o cérebro" e concentre-se em "faz bem". E tente também ignorar o absurdo que são algumas pesquisas - ou pelo menos a divulgação delas - que só provam aquilo que já sabemos. Ler faz bem? Nossa! Dormir também! Que coisa! Os psicólogos Sally Satel e Scott Lilienfeld, no livro Brainwhashed chamam tais expressões de "neuroredundâncias" por simplesmente reforçarem aquilo que já sabemos - só que com uma roupagem neurocientífica. São "mais do mesmo": parecem dizer muito mas não dizem nada - ou, pelo menos, nada novo. Por outro lado, dizer que ouvir Enya e jogar Tetris fazem bem ao cérebro podem até parecer informações novas e interessantes; no entanto, mesmo tais notícias acrescentam muito pouco ao leitor. Isto porque algumas perguntas básicas raramente são respondidas: como foi feito o estudo que embasa esta afirmação? quantas pessoas participaram? qual foi a metodologia? Sem responder tais perguntas é difícil acreditar em afirmações generalistas como "ouvir Enya fazer bem ao cérebro". Que cérebro, cara pálida? Ou melhor, para quais pessoas escutar Enya faz bem? Para algumas certamente, mas não para todas. Algumas pessoas se sentem bem escutando Enya ou música clássica, mas outras preferem heavy metal ou samba - e isto "faz bem" a elas. De toda forma, é claro que existem coisas que fazem bem, mas isto não significa 1) que fazem bem a todas as pessoas do mundo o tempo todo e 2) que fazem "bem ao cérebro". Se algo faz bem, faz bem à pessoa como um todo. Por tudo, isso, da próxima vez que ler que algo "faz bem ao cérebro" tente refletir sobre o que isso realmente quer dizer. Muitas afirmações parecem dizer muito mas efetivamente não dizem nada.
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