Querido leitor, meu livro, que eu já havia anunciado anteriormente no blog, finalmente está pronto! Depois de dois anos escrevendo-o, inicialmente sob a forma de dissertação, e mais dois anos revisando e revisando e revisando, finalmente meu livro está impresso e pronto para circular por aí. Mas do que trata o livro? Bom, ele trata do campo das neurociências e também do campo da educação. Mais especificamente ele trata da aproximação entre os dois campos. O que me proponho à analisar é, especificamente, como no final do século XX e início do século XXI a neurociência se transformou em um discurso absolutamente sedutor e convincente, que atraiu para junto de si inúmeros campos. De tais aproximações surgiram áreas de interface como a neurofilosofia, a neuroteologia, o neurodireito, a neuroliteratura, o neuromarketing, dentre outros. O meu objeto de análise é, dentre outras coisas, a emergência da neuroeducação, ou seja, do campo que se propõe a articular as "descobertas" das neurociências com a prática em educação de forma a "potencializar" o processo de aprendizagem. Mais especificamente, eu analiso como se dá esta aproximação no Brasil. Para tanto, eu analisei uma série de livros, artigos, videos e sites, escritos tanto por educadores quanto por neurocientistas, que defendem e propagam a necessidade de interseção entre os dois campos. Em comum, todos os autores analisados defendem que entender "como o cérebro aprende" é fundamental para o educador. A ideia é que entender o funcionamento cerebral poderia contribuir para uma prática mais "eficaz" e, de uma forma mais ampla, para uma educação mais efetiva. Aliado a isto, tem-se configurado nacionalmente e internacionalmente, o entendimento de que a educação deve ser cada vez mais embasada em dados e evidências científicas e menos em "opiniões, modas e ideologias", como aponta uma autora analisada. Pretende-se com isso que o campo educacional melhore ao se tornar mais "científico". Mas de que ciência estamos falando? O que o livro mostra de uma forma bastante incisiva, é que existem inúmeros discursos que reivindicam para si a o status de ciência - e mais especificamente de neurociências. Existem discursos tão diferentes sobre o mesmo cérebro que parecem existir, de fato, diversos cérebros diferentes. O cérebro descrito pelos educadores em obras destinadas a educadores é bastante diverso do cérebro descrito pelos neurocientistas em obras destinadas igualmente a educadores. São entendimentos completamente diversos, mas que possuem um importante ponto em comum: todos trazem consigo um entendimento reducionista que considera que é o cérebro - e não a pessoa como um todo - que aprende (e que ensina). Segundo grande parte dos autores analisados é o cérebro que vai para a sala de aula e é para "ele" que é destinado o processo de ensino-aprendizagem. O cérebro seria, enfim, "aquele" que aprende. Como aponto na conclusão do livro (ops, spoiler!),"na contramão deste discurso, apontamos para o cérebro como mais um elemento em cena, um elemento necessário certamente, mas não o único. Da mesma forma, concebemos o aprendizado como algo realizado pela pessoa como um todo (inclusive com seu corpo) e não por seu cérebro. Neste sentido, compreendemos as neurociências como um campo capaz de fornecer algumas informações relevantes para a educação e os educadores, mas incapaz, isoladamente, de explicar o processo de aprendizagem e suas dificuldades e, muito menos, de conduzir ou resolver os inúmeros problemas e desafios do campo educacional" (confira outro trecho clicando aqui). E para comprá-lo clique aqui.
Gostaria de adquirir o teu livro. Como faço?
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