De uma forma ampla, e a partir da perspectiva hegeliana, o autor entende liberdade como autolimitação ativa (autodeterminação), oposta à uma limitação externa (ser-determinado-pelo-outro). Em seu aspecto mais radical, aponta Zizek, a questão da liberdade é a questão de como se pode escapar do “círculo fechado do destino”. Uma possibilidade é entender que tal círculo não está completamente fechado e buscar brechas. Mas a saída, para o autor, é aceitar o destino como inevitável, renunciando a qualquer tentativa de escapar de seus designos. Paradoxalmente, aceitar o destino faz com que possamos escapar dele. Da mesma forma, para escaparmos da programação genética/cerebral devemos não nos opor à ela ou violá-la, mas aceitá-la. Só aceitando que a liberdade é “programada” podemos nos tornar livres. De certa forma, para sermos livres temos que estar conscientes de que não somos totalmente livres e que somos em grande parte determinados por questões que não controlamos e nem podemos controlar. Na contramão da máxima behaviorista de que “sou livre na medida em que controlo as condições que me controlam”, é como se Zizek dissesse: “Sou livre na medida em que NÃO controlo as condições que me controlam” ou “Sou livre na medida em que me abstenho de controlar as condições que me controlam”. Gosto desta perspectiva: ao aceitarmos que somos determinados nos tornamos livres.
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Eu sou meu cérebro? Reflexões sobre liberdade e determinismo
De uma forma ampla, e a partir da perspectiva hegeliana, o autor entende liberdade como autolimitação ativa (autodeterminação), oposta à uma limitação externa (ser-determinado-pelo-outro). Em seu aspecto mais radical, aponta Zizek, a questão da liberdade é a questão de como se pode escapar do “círculo fechado do destino”. Uma possibilidade é entender que tal círculo não está completamente fechado e buscar brechas. Mas a saída, para o autor, é aceitar o destino como inevitável, renunciando a qualquer tentativa de escapar de seus designos. Paradoxalmente, aceitar o destino faz com que possamos escapar dele. Da mesma forma, para escaparmos da programação genética/cerebral devemos não nos opor à ela ou violá-la, mas aceitá-la. Só aceitando que a liberdade é “programada” podemos nos tornar livres. De certa forma, para sermos livres temos que estar conscientes de que não somos totalmente livres e que somos em grande parte determinados por questões que não controlamos e nem podemos controlar. Na contramão da máxima behaviorista de que “sou livre na medida em que controlo as condições que me controlam”, é como se Zizek dissesse: “Sou livre na medida em que NÃO controlo as condições que me controlam” ou “Sou livre na medida em que me abstenho de controlar as condições que me controlam”. Gosto desta perspectiva: ao aceitarmos que somos determinados nos tornamos livres.
3 comentários:
- Maria Inês disse...
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Penso que você deveria postar com mais frequencia, os seus textos são sempre muito bons.
Obrigada por me fazer pensar nesses assuntos... - 21 de setembro de 2012 às 13:12
- Arco-Íris de Frida disse...
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Esta noção de que é o cérebro que está no comando tem se disseminado. Não é incomum, atualmente, encontrar em sites, revistas e livros voltados para o público leigo, expressões que antropomorfizam o cérebro como “o cérebro escolhe”, “o cérebro faz”, “o cérebro pensa”, “o cérebro aprende”, etc, como se o cérebro tivesse vida própria e tomasse as próprias decisões, a despeito de seu “dono”.
Desculpe- me a ignorancia, mas li e reli e nao consegui entender... se eu nao sou o meu cerebro... quem eu sou? - 9 de outubro de 2012 às 10:13
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Você é seu cérebro, é auto-evidente, se o cerebro fez escolha ent foi você que fez pois você é seu cerebro são 1 só, sem ele não existe você e sem você não existe ele, entendeu?
- 9 de maio de 2023 às 16:28